Em Foco

2022 será o ano da recuperação 2.0, mas também das oportunidades

Depois de mais um ano de pandemia, marcado pela falta de chips, a maioria das empresas de TI nacionais e a operar em Portugal mantém-se confiante no futuro e considera que este ano será de recuperação, tal como aconteceu no início de 2021. Mas será também um ano de crescimento e de oportunidades trazidas pela “bazuca” europeia. Há, no entanto, algumas organizações que consideram que a escassez de semicondutores, que se deve manter em 2022, vai tornar os próximos tempos desafiantes - por isso, estão menos optimistas em relação aos próximos doze meses.

Com a chegada das vacinas no último trimestre de 2020, os analistas previam um ano de 2021 mais calmo e de recuperação, mas a pandemia veio para ficar e trouxe algumas reviravoltas.

No sector das TI, sempre um dos menos afectados devido, em especial, aos inúmeros processos de transformação digital em curso, o ano foi positivo, mas voltou a exigir adaptação e resiliência, em especial às empresas que estão dependentes de chips para o seu negócio prosperar.

O mercado considera que o crescimento económico será mais moderado em 2022: o FMI prevê uma taxa de aumento de 4,4%, quando em 2021 foi de 5,9%. Já o Banco de Portugal reviu em alta o crescimento do PIB nacional, que deverá oscilar, em 2022, entre 5,6% e 5,8%; no entanto, o Fórum para a Competitividade não é tão optimista e aponta para um crescimento do PIB entre 4,3% e 4,7%.

A nível das TI, a Gartner prevê que as despesas com tecnologia aumentem 5,5% em relação a 2021, um valor semelhante ao projectado pela IDC, que ronda os 5%. Gabriel Coimbra, group vice president e country manager de Portugal desta consultora, salienta que, pela primeira vez na história (2020), houve «uma correlação inversa entre as TI e a economia», ou seja, mesmo com «uma das maiores quebras da história no PIB, o mercado de TI continuou a crescer». O responsável mostra-se optimista em relação a 2022: «Após Portugal registar um crescimento de quase 10% no investimento em TI em 2021, acredito que 2022 irá iniciar uma nova era, marcada por um novo paradigma económico e social dominado pelo digital e onde as empresas de TI terão um papel fundamental para a transformação e competitividade da nossa economia».

O responsável acredita que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem 2,5 mil milhões para a transição digital, será uma «oportunidade para as empresas nacionais e para a economia nacional» e que o restante valor (11 mil milhões para a recuperação e resiliência da economia e 3,2 mil milhões para a transição climática) vai «indirectamente influenciar positivamente o investimento em tecnologia».

Mercado nacional em destaque
Aquela que é, talvez, a maior empresa de CRM do mundo, a Salesforce (que este ano finalizou a aquisição da Slack), teve um ano de crescimento. Apesar de só fechar o ano fiscal no final de Janeiro, Fernando Braz, country leader da empresa em Portugal, diz que, a nível global, a empresa registou «um crescimento do volume de negócios na ordem dos 27% no terceiro trimestre», sendo que Portugal foi um «mercado impulsionador desse crescimento» e é um dos mercados que «mais cresceu no universo Salesforce».

O responsável diz que a tecnológica «está confiante» e faz um balanço positivo do primeiro ano de operação do escritório nacional: «Os primeiros passos da Salesforce em Portugal foram dados com enorme sucesso. Queremos continuar neste sentido e que a Salesforce tenha um impacto real na economia. Prevemos que assim seja, tal como prevê a IDC que, no relatório Salesforce Economy 2021, revela que a economia Salesforce poderá criar até 11 mil empregos em Portugal e gerar mais de mil milhões de euros de receita às empresas nacionais até 2026».