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O mercado como um serviço

Já não compramos álbuns de música e poucos downloads fazemos. Assinamos um serviço que nos entrega um portfólio à medida. Fizemos isso com o entretenimento, gostamos da experiência e transpusemos o conceito para o mundo empresarial, onde o ‘as-a-service’ vai desde o software ao dispositivo, passando pela plataforma ou infra-estrutura. Mas vai tudo ser um serviço? Talvez.

Os benefícios do XaaS para os compradores são claros. As organizações não têm os recursos e talento para gerir as suas TI, mantendo o ritmo das tecnologias emergentes, e precisam de alguém que possa fazer isso com mais eficiência. O XaaS não apenas permite que eles façam a gestão da sua cadeia de abastecimento com mais eficiência, como também fornece acesso a conceitos inovadores que, de outra forma, podem ser muito caros para investir por conta própria.

Outro aspecto a ter em conta é que o XaaS permite que as empresas comprem apenas o que usam, de resto uma característica apontada aos modelos cloud. Por exemplo, as empresas podem optar por adquirir a infra-estrutura como um serviço em servidores locais para processamento e armazenamento. Isso permite escalabilidade à medida que a empresa cresce: se precisar de mais poder de processamento, poderá comprar mais, em vez de precisar de actualizar completamente os servidores para acomodar novas cargas de trabalho.

Inovação, produtividade e velocidade
Do ponto de vista da inovação, o XaaS tem igualmente o potencial de democratizar tecnologias de ponta, como a inteligência artificial (IA). Uma empresa pode aceder a poderosas ferramentas de IA por exemplo através do Microsoft Azure que permitem automatizar aspectos do processo de vendas, como “ler” e categorizar as notas de encomendas recebidas. Em teoria, isto liberta a equipa de vendas para um trabalho mais valioso.

Outros benefícios potenciais são a produtividade e a velocidade de comercialização. Em vez de precisar criar uma plataforma inteira, os projectos que alavancam esse modelo tendem a levar menos tempo para serem concretizados. A capacidade de fornecer serviços internamente pode melhorar os processos de negócio, reduzindo a necessidade de actualização constante, colocando o ónus no fornecedor, para que os negócios possam concentrar-se na criação de produtos ou serviços.

Dizem os especialistas que a principal desvantagem do XaaS é que, dependendo das necessidades de uma empresa, não é inerentemente menos caro ou mais eficiente. Mudar de capital para despesas operacionais afecta a forma como uma organização gere o seu orçamento. Além disso, uma empresa pode simplesmente não estar na melhor “posição” para mover cargas de trabalho para a nuvem, especialmente se algumas dessas cargas de trabalho forem antigas e não forem compatíveis com a cloud. Além disso, existem inúmeros modelos e fornecedores de consumo para avaliar.

O modelo baseado no consumo oferece oportunidades de crescimento para os fornecedores de soluções e os seus clientes e vai, muito provavelmente, dividir as águas no sector da tecnologia. O conceito XaaS já existe há muitos anos, mas a realidade é que ainda está no início e as empresas de TI ainda estão a tentar entender qual o papel que querem ter neste novo modo de entregar um produto.