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Os desafios do comércio electrónico

O comércio electrónico é já uma realidade para uma significativa parte da população mundial, mas ainda está longe de se tornar a forma preferencial de comprar, especialmente em Portugal. Fizemos uma caracterização do e-commerce no País e fomos tentar perceber quais são os principais desafios que impedem que as compras online se tornarem no método de compra preferido dos portugueses.

Empresas compram mais online
Sem o peso das compras ao Estado, cujas compras são feitas exclusivamente pelo canal digital desde 2009, o segmento B2B ainda só representa 16,3% do e-commerce em Portugal. De acordo com o relatório dos CTT, verifica-se um aumento do valor médio da compra online pelos clientes empresariais (+8% em 2018 do que 2017). Este ronda os 330 euros, envolvendo cerca de 13,5 objetos por compra. Além disso, o perfil de entidades empresariais que mais facilmente adere à compra online é composto pelas PME e empresários em nome individual.

De acordo com a associação portuguesa, as principais lojas de vendas online, em Portugal, no que diz respeito ao volume de negócios são o eBay, Booking, Fnac, Amazon, La Redoute, AliExpress sendo que as únicas lojas portuguesas que surgem no top 10 são o Continente, a Worten, a Ticketline e a Wook.

Forte concorrência internacional
A globalização é referida, pelo presidente da ACEPI, como principal desafio para os retalhistas online dos vários países europeus, nomeadamente os portugueses, já que têm de «operar num ambiente de negócios globalizado onde a vantagem competitiva de uma empresa depende do acesso a novas tecnologias, a dados, à capacidade de operar eficientemente além-fronteiras e de se adaptar rapidamente a evolução do comportamento do consumidor». O responsável diz mesmo que a «construção do Mercado Único Digital e garantir condições equitativas – level playing field, conforme referiu – a nível global em plataformas sediadas fora da União Europeia, como a Amazon ou a Alibaba, serão vitais para o crescimento do e-commerce nacional e europeu». Além disso, refere que «os decisores políticos da UE devem aproveitar a oportunidade do novo mandato das instituições europeias para construir uma forte visão política para o e-commerce».

Outros desafios
A evolução do e-commerce tem mais alguns entraves e Alexandre Nilo Fonseca acredita que um dos problemas «é a falta de competências digitais dos portugueses» e refere que Portugal «tem cerca de dois milhões de portugueses que nunca usou a internet e cerca de quatro milhões que faz uma utilização muito básica, ou seja, apenas vê email, faz pesquisas e usa redes sociais». Por outro lado, aponta o facto do tecido empresarial português ser «constituído em 95% por microempresas (menos de dez colaboradores) onde em grande parte os donos são pessoas com muito baixas ou nenhumas competências digitais». A ACEPI tem inúmeras iniciativas para tentar mudar esta situação, como o ‘Comércio Digital’ que visa trazer para a Internet cerca de cinquenta mil microempresas do comércio local em 2 anos, e espera que este, esforços ajudem a «melhorar as competências digitais» em Portugal.

O administrador da Cetelem vê como principais desafios os comerciantes «encontrarem novas e criativas soluções que vão ao encontro das necessidades dos consumidores, que minimizem alguns dos receios e inseguranças associados ao e-commerce». Além disso, «mais e melhor comunicação das garantias e práticas que protegem o consumidor no momento de comprar online». Estes foram realmente algumas das preocupações manifestadas pelos compradores para não realizarem compra online de acordo com estudo E-commerce Report CTT 2018. Alberto Pimenta, refere igualmente essas situações mas enumera algumas mais relacionadas com a área de actuação dos CTT como proporcionar a melhor experiência de compra mediante a disponibilização de serviços de entrega cada vez mais rápidos (same day delivery) mais baratos (free delivery) e cada mais conveniente via disponibilização de maior variedade de pontos de entrega». Além disso, refere a importância da «comunicação constante entre o e-seller, o operador de entregas e o e-buyer». Estes são aspectos que considera «fundamentais» para que o e-commerce vingue no mercado nacional e juntos dos portugueses.

O responsável explica ainda que, para oferecerem melhores serviços, os vendedores têm de ter «um conhecimento analítico dos seus clientes e das suas preferências de compra de forma a garantirem o aumento das suas taxas de conversão».