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Os desafios do comércio electrónico

O comércio electrónico é já uma realidade para uma significativa parte da população mundial, mas ainda está longe de se tornar a forma preferencial de comprar, especialmente em Portugal. Fizemos uma caracterização do e-commerce no País e fomos tentar perceber quais são os principais desafios que impedem que as compras online se tornarem no método de compra preferido dos portugueses.

Perfil do comprador nacional
Os compradores nacionais têm um equilíbrio de representatividade entre os dois géneros. De acordo com o Observador Cetelem ecommerce 2019, 54% dos compradores são homens e 46% são mulheres. Já em relação ao perfil etário, a maioria dos portugueses que compra online está na faixa etária até aos 54 anos: 25 aos 34 anos (35%); 35 aos 44 anos (33%) e 45 aos 54 anos (11%).

Ao nível nacional, há assimetrias nas compras online como é evidenciado no estudo Economia Digital em Portugal 2018. A Área Metropolitana de Lisboa tem uma maior utilização de Internet e maior percentagem de compras (mais de 1,7 milhões de internautas e cerca de 740 mil compradores) do que o resto do país.

Os hábitos de utilização de Internet envolvem de forma crescente os equipamentos móveis, que são já os mais utilizados sendo que quando se trata de compras, os computadores são os preferidos dos portugueses com 83% da utilização versus 67% nos smartphones, diz o Observador Cetelem.

Compras fora e até cem euros
No que diz respeito às compras online, a grande maioria dos consumidores portugueses faz compras em sites estrangeiros, apenas 10% dos inquiridos indica não faz compras fora de Portugal. China, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos reúnem as preferências dos utilizadores nacionais. Mais de 1/3 dos utilizadores nacionais (31%) adquirem produtos em sites localizados na China. Segundo os dados dos CTT, o volume de compras online fora de Portugal aumentou 1,7 % entre 2017 e 2018.

Já o volume de compras realizadas a vendedores que operam no mercado nacional permanece relativamente estável representando cerca de 50% do volume total de compras online.

Os portugueses efectuaram, em 2018, 15,2 compras por ano, mais quatro compras do que em 2017 (+33%) diz o E-commerce Report CTT 2018. Já a ACEPI revela que quanto aos gastos, 38% dos consumidores faz despesas num valor entre cem e quinhentos euros num ano, com valor médio de compra entre os cinquenta e cem euros.

Os mais comprados
Os produtos físicos mais comprados, de acordo com o estudo Economia Digital em Portugal 2018 são vestuário e acessórios de moda (57%), equipamentos de telecomunicações móveis e acessórios (52%) e equipamento informático (35%). Já ao nível dos produtos digitais são as apps (21%), os jogos (19%) e música (17%). Em termos de serviços os mais populares são os de alojamento (58%), transporte de longo curso (47%) e bilhetes de espectáculos (35%).

As três principais razões que levam os portugueses a comprar online são os preços mais baixos (70%), a facilidade de compra, as promoções (60%) e a conveniência proporcionada por poderem comprar a qualquer hora (58%), indica o relatório da empresa de correio.

No que diz respeito aos meios de pagamento mais utilizados, o Observador Cetelem revela que 74% dos compradores online portugueses usam Multibanco, 43% a transferência bancária, seguidos pelo pagamento contra entrega (37%), cartão de crédito (19%), PayPal (19%) e o MB Way (4%).

Dificuldades para comprar
O E-commerce Report CTT 2018 avaliou os motivos pelos quais os compradores têm receio de comprar online. As razões mencionadas são o ‘custo das entregas’ (40%), seguida da ‘incerteza sobre a política de devoluções praticada pelo site’ (38%), a ‘obrigatoriedade de efectuar o registo no site para fazer uma compra’, a ‘dificuldade em encontrar o produto pretendido’, a ‘insegurança com os meios de pagamento’, o ‘desconhecimento do preço final até uma fase adiantada da compra’ e a ‘existência de informação insuficiente sobre as entregas’. Todas elas apontadas por três em cada dez inquiridos.

O estudo foi ainda perceber o que leva os e-buyers a abandonarem a compra no momento do checkout, que aumentou 6,4% (passando de dois para três compradores em cada dez entre 2017 e 2018. As principais razões apontadas para o abandono são o ‘preço final ser mais elevado que o anunciado na página do produto’, a ‘desconfiança quanto aos meios de pagamento disponibilizados’ e os ‘custos com devoluções’.

Em relação a este tema, Alberto López, considera que ainda «há um longo caminho a percorrer no domínio das soluções de checkout» e que as empresas devem providenciar «soluções de pagamento mais simples» que «tornam a experiência de compra online melhor».