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Os desafios do comércio electrónico

O comércio electrónico é já uma realidade para uma significativa parte da população mundial, mas ainda está longe de se tornar a forma preferencial de comprar, especialmente em Portugal. Fizemos uma caracterização do e-commerce no País e fomos tentar perceber quais são os principais desafios que impedem que as compras online se tornarem no método de compra preferido dos portugueses.

Perfil dos vendedores
A venda online faz parte da transformação digital de muitos das empresas de retalho, sejam elas grandes players ou pequenas empresas que optem por ter o seu site ou usar um marketplace já existente como a Amazon. Além do mais porque, muitas vezes, ter uma loja online sai mais barato que ter uma loja física.

As motivações apontadas pelas organizações portugueses para venderem online, consistem sobretudo em considerá-las um «canal de venda complementar com vista ao alargamento do mercado interno da empresa potenciando a captura de novos segmentos de clientes», explica Alberto Pimenta.

O estudo sobre comércio electrónico da empresa levanta o véu sobre os perfis de retalhista online. Dentro dos e-sellers de médio/grande dimensão, os perfis híbridos (têm presença simultânea no retalho físico e no retalho online) são os que mais crescem. Neste grupo duplicou o número de vendedores cujas vendas online já representam entre 50% a 75% do total da sua actividade que são agora 10,2%. Por outro lado, no segmento dos pequenos e-sellers, o perfil que mais cresce corresponde ao dos esellers puros (isto é com retalho exclusivamente online). A representatividade deste perfil quase duplicou de 2017 para 2018, tendo passado a 17,1%. No entanto, ainda há uma ampla percentagem 43,9% cujo rendimento das vendas online corresponde a menos de 25% do volume de negócios.

A adesão à venda em marketplaces ainda é reduzida entre os vendedores portugueses e só dois em cada dez vende actualmente neste tipo de plataformas, embora «a tendência observada indique um aumento previsível da utilização deste canal», refere Alberto Pimenta.

O que vale o mercado empresarial
A percentagem de empresas com presença na Internet continua a crescer apesar de ainda ser um número baixo – 41% face ao número total de empresa existentes no País. Já o número de empresas com presença no e-commerce desce para menos de metade, apenas 19% têm loja online. De acordo com a ACEPI há uma grande discrepância consoante a dimensão da empresa. Assim, quando se trata de empresas de maior dimensão (> 250 colaboradores), a percentagem encontra-se em 35% que baixa significativamente quando se fala de pequenas e médias empresas (PME), 15% e 19%, respectivamente.

Os valores do comércio eletrónico B2C em Portugal ultrapassaram os 4,6 mil milhões de euros em 2017, um crescimento de 11,3% face a 2016. Em 2018, foram cinco mil milhões de euros, o que representa 2,5% do PIB quando na Europa, o e-commerce ronda, em média, 3% do PIB. Os valores do comércio eletrónico B2B em Portugal ultrapassaram os setenta mil milhões de euros em 2018 e representam 40,8% do PIB em comparação com 42,4% na Europa.

No geral, a despesa com comércio eletrónico (B2C e B2B) tem vindo a crescer nos últimos anos e o seu peso na economia ultrapassa 40% mas ainda abaixo da média europeia (45,4%).