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Web Summit: ontem, hoje e amanhã

Web Summit 2017

Mundos e fundos para apoiar as startups

No ano passado foram anunciados fundos de apoio às startups e PME: um ligado à Comissão Europeia, integrado no programa Horizonte 2020, e um fundo do estado português, destinado às PME e startups, no valor de cerca de 200 milhões de euros, também integrado no Horizonte 2020.

O anúncio do fundo com uma base inicial de mil milhões de euros, mas que poderia ultrapassar esse valor, destinado ao apoio ao crescimento das empresas europeias, foi feito na Web Summit de 2016, por Carlos Moedas, comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação. Na altura, o fundo foi justificado como uma forma de garantir que as empresas europeias teriam oportunidade de escalar o seu negócio, mantendo-se na Europa.

O Spotify foi usado como um exemplo dessa situação: nascido na Suécia, o serviço de streaming expandiu o seu negócio quando passou para os Estados Unidos.

A ideia deste fundo passa por criar uma base de apoio às empresas europeias em fase inicial, que junta contribuições do Fundo de Investimento Europeu às contribuições de promotores da iniciativa privada. O modelo anunciado refere que a contribuição da UE pode ir um máximo de quatrocentos milhões de euros.

«Cada investimento da EU é limitado até 25%, sendo que os promotores devem angariar o restante valor», indicava o comunicado da Comissão Europeia. Em Fevereiro de 2017, a Comissão anunciava que tinha começado a fazer a selecção dos promotores para o projecto, entre um total de dezassete candidaturas recebidas.

Pelo meio, continuaram os apoios às startups, através de outro programas de financiamento do Horizonte 2020. Antes do começo da Web Summit deste ano, através de comunicado, as operações aprovadas em Portugal representavam «um volume de financiamento total de 1,9 mil milhões de euros».

Relativamente ao fundo anunciado por António Costa, na Web Summit passada, no valor de duzentos milhões de euros, só houve novidades a partir de Agosto deste ano. Na altura, este fundo tinha sido anunciado como uma forma de «fomentar a constituição ou a capitalização de empresas», com prioridade às empresas na fase inicial de vida.

Intitulado Fundo Coinvestimento 200M, com o intuito de apoiar as PME e startups, foi aprovado pelo Conselho de Ministros, em Agosto, com o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a referir que já «se inseria na preparação da nova Web Summit».

 

Um visto especial para as startups

Já na edição deste ano, logo no dia de arranque, o Ministério da Economia anunciava um visto especial de residência para os empreendedores. O ‘Startup Visa’ tem como objectivo «atrair para Portugal investimento, talento e capacidade de inovação». As candidaturas a este programa arrancam em Janeiro de 2018, através de uma plataforma criada para o efeito.

Entre os critérios para ter acesso a este visto de residência, estão pontos como «querer desenvolver actividades empresariais de produção de bens e serviços inovadores», ter potencial «para criação de emprego qualificado», deter potencial para «atingir, três anos após o período de incubação um valor de 325 mil euros, ou um volume de negócios superior a quinhentos mil euros por ano», é possível ler no comunicado feito pelo Ministério da Economia.

Outro dos critérios mencionados é também ter «por base um grau de inovação, escalabilidade do negócio e potencial de mercado», nesta medida que está inserida no programa Startup Portugal. O facto de ter sido anunciado na Web Summit, por onde passam dezenas de milhares de empreendedores, é descrito pelos responsáveis como «um convite directo» ao público da Web Summit – e a quem quiser investir no território nacional.

Foram criadas menos startups em 2016
O estudo da Informa, intitulado Empreendedorismo em Portugal, divulgado em Maio de 2017, mostra que, no ano passado, a criação de startups abrandou, registando-se menos 1,9% na percentagem de criação deste tipo de empresas, comparativamente a 2015.
Em 2016, foram criadas 37 248 startups, contra as 37 978 de 2015. Este estudo revela ainda que só 42% destas startups atinge a idade adulta, ou seja, o quinto ano de actividade. Os primeiros anos de actividade são cruciais para a sobrevivência das startups: um terço destas empresas acaba por desaparecer no primeiro ano de actividade.

A apetecível ideia de negócio da Kubo

Em 2016, a Kubo Robotics derrotava as centenas de startups a concurso no Pitch da Web Summit. Fundada em 2015, numa universidade da Dinamarca, Tommy Otzen e Daniel Lindegaard criavam uma startup que queria ir mais além na hora de ensinar as crianças, especialmente as mais pequenas, a codificar. Surgia assim o Kubo, um pequeno robô que os fundadores defendem ser uma experiência «social, de mãos na massa e com contexto», no que toca a aprender código.

O Kubo utiliza uma linguagem de programação própria, chamada TagTiles, que dispensa os ecrãs. Como pequenas peças de puzzle, os TagTiles indicam acções como andar em frente, para a direita ou esquerda, por exemplo, que depois são reproduzidas pelo robô. Direccionado para crianças entre os quatro e os dez anos, permite que os mais pequenos aprendam os básicos do código, além de estimular a resolução de problemas.

E, além disso, ainda atribuiu o título de vencedora do Pitch à Kubo Robotics. Isto daria também direito a um prémio de cem mil euros em financiamento da Portugal Ventures, em troca de uma participação acionista na startup – que a Kubo acabou por trocar por outro financiamento. A empresa recebeu uma oferta de um milhão de euros, do Danish Growth Fund. Com esse dinheiro, ao longo deste ano, a Kubo já conseguiu colocar o seu robô no mercado e levar o projecto a mais escolas nos países nórdicos.

Ainda antes da Web Summit deste ano, os responsáveis pela Kubo arrecadaram outro prémio, desta vez atribuído pela EY. A startup venceu o prémio regional do concurso #EntrepreneuroftheYear, em Odense, na Dinamarca. Esta vitória dá-lhes ainda a hipótese de concorrer pelo título de melhor startup dinamarquesa. Tommy Otzen, fundador da Kubo, passou pela Web Summit de 2017, mas num novo papel: o de orador.

O prémio do Pitch deste ano foi patrocinado pela Mercedes Benz, que atribuiu um prémio de cinquenta mil euros e, ainda, acesso ao programa de incubação da empresa. A startup Lifeina foi a vencedora do Pitch de 2017, ao apresentar um mini-frigorífico, para proteger medicamentos da luz, do calor e do frio. A empresa, representada por Uwe Diegel, o CEO da empresa, desenvolveu também uma aplicação que permite controlar a temperatura do frigorífico, verificar a bateria e ainda receber alertas sobre as horas da medicação.