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Portugal escapa às ondas de despedimentos nas tech

Os grandes nomes das tech estão a despedir, em alguns casos, entre 10% e 15% da sua força de trabalho. Mais que o desempenho financeiro, sustentam os despedimentos num ambiente económico desfavorável e a enfrentar uma forte pressão dos investidores para cortar custos. Com os Estados Unidos a liderarem esta tabela, Portugal parece, ainda, um pequeno oásis.

Europa também tem lista
O mercado norte-americano parece ter sido o mais fustigado por esta onda de dispensas, mas não foi o único. As demissões nas empresas de tecnologia atingiram a Europa, com muitas das mais conhecidas startups a fazerem drásticos cortes nas suas equipas. E, lá está, com o mesmo objectivo anunciado: poupar nos custos e preservar o fluxo de caixa, à medida que a economia global passa por uma desaceleração. Os especialistas dizem que as acções das tech caíram nos mercados e, como resultado, as avaliações de empresas privadas foram afectadas. No Velho Continente, as demissões começaram com empresas como a fintech sueca Klarna, a Gorillas (que disponibiliza um serviço on-demand de entregas de produtos de supermercado), a plataforma de eventos online Hopin e a empresa de saúde digital Kry.

Em Maio de 2022, a Gorillas dispensou 300 empregados do seu escritório de Berlim, enquanto a Zapp, num email, dizia que 10% da sua força de trabalho era redundante. Neste caso, a inflacção, a guerra na Ucrânia e a disrupção na cadeia de abastecimento foram os motivos para os despedimentos. A startup de scooters Voi foi outra das empresas europeias a dispensar funcionários, em Estocolmo, o que representou a demissão de 35 pessoas. A fintech Curve despediu entre 60 a 70 pessoas (10% da força de trabalho), a Wayflyer 40% e a MessageBird 31% do número total de funcionários.

A Pollen, com sede em Londres, anunciou que iria despedir cerca de duzentos funcionários, apenas algumas semanas depois de ter conseguido 150 milhões de euros de investimento. Esta empresa de tecnologia de viagens e entretenimento diz que as demissões foram exigidas pelos investidores, como parte de uma estratégia de corte de custos.

Seguiu-se a edtech Go Student, com sede em Viena, que cortou cerca de duzentos empregos. O unicórnio austríaco, fundado em 2016, anunciou que, juntamente com estes cortes, iria abandonar o mercado americano. A startup tinha vindo a crescer rapidamente, tendo arrecadado mais de 591 milhões de euros no mercado de ensino online.

E Portugal?
O impacto dos despedimentos das grandes multinacionais de tecnologia em Portugal é incerto. Raquel Antunes, recrutadora na área das tecnologias de informação, admite que o mercado nacional poderá ter sido afectado mas de forma pontual. «Os grandes despedimentos aconteceram em outras geografias, em mercados de maior dimensão, sobretudo nos Estados Unidos. Apesar de tudo, Portugal – e mesmo a Europa – continua a ser interessante para manter os recursos, seja pelo seu custo seja pela sua qualidade. Arrisco-me mesmo a dizer que Portugal está em contraciclo e continua a manter níveis interessantes de contratação, apesar de não comparáveis aos níveis de 2020», diz à businessIT.