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Na guerra das nuvens quem ganha é o consumidor

Amazon, Microsoft, Google e Alibaba. Mas também Salesforce, IBM e Oracle. Na guerra das nuvens, numa galáxia bem próxima de nós, entre o empreendedorismo e o estímulo à inovação, quem ganha são os consumidores.

Bethany Drouin/Pixabay

A Google lançou o seu Google Cloud Platform em 2013. Com uma abordagem semelhante à Amazon, a empresa foi capaz de alavancar os seus omnipresentes data centers – que ela própria precisava – para oferecer escalabilidade aos clientes. No entanto, à revista Wired, um especialista em análise de mercado da Gartner dizia que sem ter o músculo de retalho da Amazon ou o pedigree de vendas corporativas da Microsoft, a Google enfrentou mais obstáculos que os seus rivais. Um dos seus pontos mais fortes é a aprendizagem de máquina combinada com recursos de IA, que ganhou força entre as instituições financeiras.

Uma parceria com a SAP vinculou esses recursos ao sistema abrangente da empresa alemã. Os analistas previram que a Google ganharia participação de mercado com o tempo, graças ao seu preço mais baixo e velocidades de computação mais altas. É, definitivamente, uma boa luta.

O Alibaba Cloud foi estabelecido como uma subsidiária do Alibaba Group em 2009. Como a AWS, cresceu a partir de um ecossistema de e-commerce para fornecer serviços de computação em nuvem para outras empresas online. Após conquistar o mercado chinês, a empresa revelou que a estratégia geográfica passou a ser entrar em qualquer lugar onde o e-commerce chinês estivesse presente, começando por lugares com uma grande diáspora chinesa como o Sudeste Asiático. Visando uma pegada global, a Alibaba descobriu que o mercado dos EUA é extremamente competitivo, apesar dos enormes obstáculos políticos que podem surgir a qualquer momento, como os que a Huawei e a ByteDance estão a enfrentar. Ainda assim, avançou com as multinacionais, especialmente na Europa e na Ásia.

Em 2019, a AWS era o maior fornecedor de serviços em nuvem, com receita de 29,6 mil milhões de euros, segundo dados fornecidos pela própria empresa. O Microsoft Azure vem em seguida, com cerca de metade das vendas. O Google Cloud está em terceiro lugar na corrida. Feitas as contas, no ano passado, esta divisão da Google conseguiu aumentar os seus negócios em 88%, um crescimento mais rápido do que qualquer outro fornecedor. O Alibaba Cloud obviamente não é desleixado, competindo lado a lado com o Google Cloud, até porque também beneficia de uma forte presença no Sudeste da Ásia, uma região programada para um crescimento maciço.

A nuvem como um facilitador
«A computação na nuvem foi uma grande revolução, desde logo porque permitiu que qualquer negócio online crescesse rapidamente sem a necessidade de investir em sistemas de TI caros e em pessoal altamente qualificado», disse à businessIT o consultor Miguel Pimenta.

Este verdadeiro «alicerce da economia digital», desempenhou um papel importante no nivelamento do campo de jogo, permitindo que as organizações de todos os tamanhos adoptassem a transformação digital. «Nos países em desenvolvimento, permitiu que as empresas tivessem oportunidades que antes, simplesmente, eram impossíveis adoptar. Resta ver se um determinado player da nuvem conseguirá capturar todo o mercado».

Segundo dados da Gartner, apenas um quinto das aplicações corporativas é executada na nuvem, resultado de sistemas de TI legados e lenta adesão empresarial. «Claramente, ainda há muito espaço para os provedores de cloud crescerem», diz Miguel Pimenta. A computação em nuvem é um mercado lucrativo e de alta margem, e todo o mundo, literalmente, quer uma fatia – até mesmo a ByteDance tem planos de entrar no mercado chinês.

A Oracle, uma empresa em ascensão, está a procurar uma estratégia de perseguir novos clientes de plataforma proeminentes, como o Zoom e, potencialmente, o TikTok, escreve a Wired. Mas, à medida que a competição se intensifica, a empresa continua a ampliar o ecossistema do empreendedorismo e a estimular a inovação – através de serviços e funcionalidades cada vez melhores, a custos mais baixos. Nesta guerra, os consumidores, mais do que os fornecedores, são os que mais lucram.