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Na guerra das nuvens quem ganha é o consumidor

Amazon, Microsoft, Google e Alibaba. Mas também Salesforce, IBM e Oracle. Na guerra das nuvens, numa galáxia bem próxima de nós, entre o empreendedorismo e o estímulo à inovação, quem ganha são os consumidores.

Bethany Drouin/Pixabay

Na longínqua década de setenta, do século passado, o grande sucesso da Microsoft foi ter feito com que a computação migrasse dos grandes servidores para os PC. Agora, a luta é inversa: fazer com que a maioria da computação volte para os grandes servidores. É que se, há duzentos anos, a Revolução Industrial veio redefinir as relações de trabalho, o modelo de desenvolvimento económico e a própria sociedade contemporânea, hoje vivemos numa era que nasceu a partir de algo quase tão impalpável quanto o vapor: a nuvem.

Qual a estratégia global das grandes tecnológicas para a cloud? Amazon, Microsoft, Google e Alibaba, entre outras, estão numa luta desenfreada neste mercado da nuvem, usando estratégias fortemente influenciadas pelo seu passado, pela sua história.

Muito se tem falado sobre como as big tech têm vindo a ganhar terreno face às empresas mais tradicionais. Embora seja verdade que os operadores históricos necessitam de acelerar o ritmo da sua caminhada digital se quiserem alcançar as grandes tecnológicas, a realidade é que são precisamente essas grandes empresas de tecnologia que impulsionam a maior parte dessa transformação digital.

A nuvem, ou a entrega virtual de serviços de computação de servidores e armazenamento para análise e inteligência, está por trás de muitas das inovações digitais que agora consideramos certas. Basta pensar na Netflix ou no Spotify. Há ainda que considerar que quase todas as aplicações nos nossos smartphones utilizam a nuvem. É apenas a ponta do iceberg proverbial. Se trabalharmos para uma grande empresa, a probabilidade é que as nossas operações de TI também estejam a ser executadas na nuvem.

A crescer a uma taxa anual composta de 12,6%, o mercado global de nuvem pública, segundo a Gartner, deverá chegar aos 280 mil milhões de euros em 2022.

Estratégias comparativas
Com o lançamento da Amazon Web Services (AWS) em 2006, a Amazon foi a primeira a ganhar uma posição sólida no mercado da nuvem. Na altura descrito pelos especialistas como «o sistema mais completo e tecnicamente avançado», a AWS expandiu-se de forma agressiva. Liderando em IaaS, desde logo forneceu todos os serviços em nuvem possíveis, como processamento de memória, Internet das Coisas e inteligência artificial.

A TechCrunch escrevia que o grande trunfo e força da AWS desde o início é que a empresa estava, simplesmente, a oferecer ao mercado o que tinha desenvolvido para si própria. Por exemplo, como principal entidade de e-commerce, a Amazon necessitava de servidores e poder de computação em todos os Estados Unidos. Isso significava que poderia vender o mesmo serviço para organizações, independentemente da sua localização. A Amazon também precisava de inovação e estava a crescer rapidamente. Então, passou a oferecer essa mesma capacidade a todas as outras empresas. Simples.

O Microsoft Azure foi o primeiro grande desafio ao domínio da AWS no mercado de nuvem. A partir de 2010, a empresa fundada por Bill Gates cresceu com a introdução de ferramentas para a “nuvem híbrida” – sistemas que permitem às empresas mover parte da computação para a nuvem, mantendo o controlo de dados altamente confidenciais.

Na mesma linha, o Microsoft Azure foi direccionado a retalhistas preocupados com um potencial conflito de interesses com a Amazon. Os analistas defendem que talvez a sua principal força seja a unidade de nuvem da Microsoft poder activamente criar sinergias para impulsionar as vendas corporativas dos seus serviços junto com produtos corporativos populares, desde o Office 365 até os serviços do LinkedIn.