Por outro lado, devido aos crescentes ataques às infra-estruturas digitais e a outros sectores críticos, «os governos tendem a aumentar o seu envolvimento, impondo novas regulamentações às empresas, exigindo mais partilha de informação e introduzindo novos requisitos de certificação». Para Carlos Paulino, este facto também exigirá que as empresas integrem mais expertise de cibersegurança na sua gestão e planeamento.
Natureza das ameaças mudou
Para fazer face aos novos desafios, as organizações tiveram de reagir e adoptar rapidamente novos modelos operacionais, esclarece David Grave, senior cybersecurity consultant da Claranet. Esta resposta rápida, que foi uma decisão de negócio fundamental para manter a operação, levou a uma aceleração da transformação digital, mas teve, no seu entender, um impacto negativo na postura de segurança. «A cibersegurança é, agora, uma grande preocupação, sobretudo porque a natureza das ameaças também mudou, com os atacantes a explorarem, de uma forma sem precedentes, a nova realidade desmaterializada das organizações».
Como consequência, David Grave fala do facto de os ataques terem aumentado em número, com alvos mais críticos e repercussões sociais e económicas mais evidentes. «Como resposta, as organizações estão a reforçar o investimento em soluções tecnológicas que permitam automatizar as actividades-chave de cibersegurança e a resposta a incidentes. E estão também a investir na formação dos seus colaboradores relativamente a ameaças oportunistas, como campanhas de phishing».
«A transformação digital das empresas tem sido um imperativo ao longo dos últimos dois anos, um período em que nos temos deparado com uma pandemia que nos trouxe vários desafios», revelou Rui Costa, area vice-president, PME, da Salesforce Portugal, Espanha & Itália. «Queremos estar mais perto do cliente e compreender as suas necessidades, num mundo marcadamente digital».
Para o especialista, tudo isto traz muitos desafios às empresas, sobretudo a nível de segurança:. «Existem algumas medidas básicas que as empresas devem ter em conta quando se pensa no reforço da cibersegurança. A utilização de um antivírus, a protecção da rede Wi-Fi, a utilização de autenticação de dois factores para acesso aos sistemas e a formação das equipas em temas de cibersegurança para reduzir erros humanos são aspectos fundamentais».
No entanto, quando as empresas pensam sobre as suas estratégias de segurança, devem fazer uma reflexão sobre o valor da nuvem. Rui Costa garante que é muito mais seguro utilizar as aplicações críticas e alojar os dados num sistema cloud, do que nos sistemas de cada empresa. «Os fornecedores de serviços na nuvem têm uma maior capacidade de investimento em segurança e aplicam as mais avançadas tecnologias de Inteligência Artificial». Além disso, continua o responsável, a nuvem é uma garantia de escalabilidade e de inovação (a empresa poderá contar sempre com as últimas versões das aplicações e receberá todas as actualizações de segurança necessárias). «A nuvem é, portanto, um elemento crítico na tecnologia empresarial pós-pandemia».
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