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Ciberpandemia

A pandemia colocou novos desafios às empresas, à medida que se adaptam a um modelo operacional em que trabalhar a partir de casa se tornou o “novo normal”. Um pouco por todo o mundo, a transformação digital está a ser acelerada e a segurança cibernética é, agora, uma grande preocupação. As implicações de reputação, operacionais, legais e de conformidade podem ser consideráveis, se os riscos de segurança cibernética forem negligenciados.

Ciberataques a organizações portuguesas aumentaram 81%
Até à emergência da pandemia de COVID 19, o cibercrime estava já em ascensão e mantinha a sua dinâmica habitual, com os cibercriminosos a aproveitarem-se das diferentes oportunidades com que se cruzavam e a procurar capitalizar a partir das mesmas. Com a pandemia, Rui Duro, country manager da Check Point Software Technologies em Portugal, diz que este ‘mindset’ se manteve, com uma diferença substancial: o agravamento das circunstâncias e a multiplicação exponencial das superfícies e oportunidades de ataque. «A generalização do teletrabalho evidenciou, na grande maioria dos casos, a pouca preparação das empresas e das pessoas».

A este cenário, opôs-se uma paisagem de ciberameaças que tem vindo a crescer em sofisticação e frequência de ataque: «O nosso último Security Report alerta para o aumento em 81% do número de ciberataques contra organizações portuguesas». No mesmo sentido, a empresa lançou recentemente o Workforce Security Report que, analisando a transição para o trabalho remoto em todo o mundo, concluiu que apenas 9% das organizações inquiridas (de um universo de mais de 1200 profissionais) tem em vigor todas as práticas de segurança recomendadas. «São dados assustadores que devem, mais do que nunca, instigar à mudança estrutural da forma como a cibersegurança é encarada».

O desenvolvimento tecnológico até aos dias de hoje e o acesso a um número cada vez maior de plataformas, acentuado com o teletrabalho, criou uma dependência tecnológica que apanhou de surpresa muitas empresas, mencionou à businessIT João Machado Costa, VP Sales S21sec Portugal. Uma nova realidade que, no entender deste especialista, trouxe riscos adicionais relacionados com os mecanismos de acesso remoto, a protecção de informação nos sistemas e redes utilizados pelos colaboradores fora dos escritórios e a vulnerabilidade a ataques de negação de serviço.

Dados apurados recentemente pela 21sec Portugal apontam para que 36% das empresas não tenham a certeza de que os seus colaboradores sejam capazes de prevenir e detectar um ciberataque. «E isso mostra que, com a pandemia – e respectiva alteração do modelo tradicional de trabalho –, é cada vez mais importante apostar na formação das pessoas, para além das soluções e ferramentas adequadas a cada caso». Para João Machado Costa, a pandemia e os recentes ataques mais mediáticos deixaram os decisores de topo das organizações mais sensíveis para a importância da área da segurança e a olhar para a mesma como investimentos críticos e urgentes.

Empresas devem reforçar expertise em cibersegurança
A pandemia gerou um aumento do consumo de serviços digitais, o que também levou a um incremento dos ataques cibernéticos, cujo custo global foi avaliado em cerca de seis biliões de dólares em 2021, segundo a  Cybersecurity Ventures. É por isso que Carlos Paulino, managing director da Equinix Portugal, não tem dúvidas de que uma das principais prioridades das empresas líderes digitais será o estabelecimento de ambientes de cibersegurança convergentes. «Com o crescimento das implementações na Cloud e no Edge, da tecnologia operacional e da força de trabalho distribuída, as empresas digitais deverão olhar para si próprias tal como os ‘invasores’ o fazem: como um espaço de risco convergente, tanto físico como digital».

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