O software empresarial tem vindo a evoluir de forma a dar resposta às necessidades, sempre em constante mudança, que os negócios apresentam. Hoje, já não “chega” a uma empresa ter um ERP ou um CRM, siglas que, há quinze anos, se tornavam num verdadeiro pesadelo para os gestores, com implementações longas, onerosas e de retorno duvidável. Actualmente, essas mesmas siglas – que entretanto mais que provaram a sua importância no apoio ao negócio e às tomadas de decisão – coabitam de forma pacífica com outros softwares e aplicações. Tudo para responder aos metamorfismos ao nível dos modelos e processos de negócio e alavancar a tendência para a automatização de tarefas com a adopção de novas tecnologias, como por exemplo, machine learning e automação robótica de processos (RPA).
No epicentro de todas estas alterações e transformações, há um “fenómeno” chamado nuvem. «O grande impulsionar da transformação que as soluções de gestão empresarial estão a sofrer chama-se cloud. A transição do ‘on-premises’ para a cloud mudou as regras do jogo e abriu uma série de oportunidades», disse à businessIT David Afonso, senior vice president da Primavera BSS. «Desde logo, porque todos nós estamos ligados a esta enorme nuvem e, como tal, somos potenciais utilizadores do software e não apenas os colaboradores de backoffice».
O alvo somos todos nós
Para este especialista, o target passou a ser, também, cada um de nós e não apenas as empresas. Por outro lado, David Afonso admite que surgiu no horizonte um manancial de tecnologias e serviços que democratizaram o acesso a soluções que, até então, estavam vedadas a grandes organizações com capacidade de investimento, como soluções de Business Inteligence (BI) ou de Inteligência Artificial (IA). «No sentido de aproveitar este potencial, as soluções têm evoluído através da incorporação de funcionalidades suportadas em IA, como previsão ou detecção de erros, mudando o foco do passado para o futuro».
Ou seja, o gestor não precisa de saber quanto vendeu até agora, mas como é que o ano vai terminar. «Por outro lado, as soluções estão a ser desenhadas, cada vez mais, com orientação ao perfil e em função do tipo de dispositivo que este utiliza. Outro aspecto que tem evoluído muito é a capacidade de interoperabilidade. Com o crescimento acentuado do número de aplicações é cada vez mais relevante a capacidade de interoperabilidade entre elas para que se evitem os silos de informação».
David Afonso diz que o termo ‘software de gestão’ tem associada a idéia de um «monobloco funcional» que responde às necessidades de gestão da empresa ou organização, sendo que, hoje em dia, as organizações usam um conjunto de aplicações para gerirem o seu negócio e, nesse sentido, o termo ‘software de gestão’ não será o mais correcto. «Tratam-se, regra geral, de aplicações com grande capacidade de interoperabilidade e que, no seu conjunto, formam a ‘solução de gestão’».