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2021: ano de crescimento, apesar da pandemia

As empresas de TI a operarem em Portugal estão confiantes que este será um ano de recuperação. A verdade é que muitas delas até conseguiram crescer em 2020, apesar de ter sido um ano desafiante e que obrigou muitas a reinventarem-se. Para 2021, há um optimismo moderado, mas as empresas vão continuar a investir, a contratar e a ajudar clientes na sua transformação digital.

Recuperar de forma contida
Daniel Cruz, channel manager South Europe da Infinidat, diz que o investimento sofreu uma «grande desaceleração com a pandemia no final do primeiro trimestre», mas «acelerou na segunda metade do ano» e que, por isso, a empresa terminou com crescimento face ao ano anterior o que é «excepcional» num «ano difícil» como foi 2020. O negócio em Portugal teve precisamente o mesmo comportamento, ou seja, «em linha com as expectativas», o que tendo em conta o contexto actual é «seguramente positivo», considera Daniel Cruz.

Para 2021, o responsável revela que será um ano de recuperação: «Alguns investimentos não foram feitos em 2020 terão de o ser agora». No entanto, o channel manager acredita que este será um ano de «contenção económica», pelo que as expectativas «não são demasiado elevadas». Daniel Cruz acredita que este cenário tem «aplicação global», mas «sobretudo em Portugal».

Digitalização originou novo negócio
Em 2020 foi criada a Nexllence, uma marca da Glintt, numa decisão estratégica da empresa como explica David Faustino, managing director: «Apesar da situação pandémica, considerámos que seria importante tornar mais visível, para o mercado, as duas faces da Glintt: uma empresa com capital intelectual próprio de soluções para o sector da saúde, e outra com a capacidade tecnológica para alavancar a transformação para o digital de grandes organizações».

O responsável acrescenta que 2020 foi o ano em que o sector tecnológico se «afirmou como um motor da tecnologia para o presente, mas também para o futuro» e alerta que os investimentos na digitalização, que tiveram «impacto positivo» em 2020, terão um efeito «mais acentuado no futuro». Quanto à Nexllence, esta unidade representa actualmente cerca de «25% do volume total de negócios da Glintt» e conta com «aproximadamente trezentos postos de trabalho, altamente qualificados». A marca espera encerrar o ano fiscal de 2020 com um «crescimento de dois dígitos nos seus mercados mais importantes», ou seja, em Portugal e Espanha.

Um «continuado crescimento reforçado por uma política de aquisições selectivas, que visa permitir o desenvolvimento de centros de excelência em áreas tecnológicas críticas» são as ambições para 2021. Este processo já teve início em 2020 com a aquisição da AB Consulting, uma empresa de desenvolvimento de soluções OutSystems.

Crescimento tímido
A multinacional Claranet acredita que 2020 foi um ano em que «o investimento em TI estagnou em Portugal» e que, por isso, «foi uma espécie de “ano perdido” no crescimento que o sector tem vindo a ter», afirma António Miguel Ferreira, managing director para a Iberia & Latin America da empresa.

Mas, apesar de tudo, a subsidiária nacional não se pode queixar, revela o responsável: «Cumprimos os nossos objectivos, crescendo face ao ano anterior, apesar de a um ritmo menor que o previsto no início do ano. Contudo, já verificámos, no final de 2020, um certo retomar da normalidade, no que respeita a voltarmos ao planeamento de novos projectos, com os nossos clientes».

A Claranet espera que 2021 traga um «crescimento ainda tímido dos investimentos em TI, com uma aceleração a partir do segundo trimestre, para recuperar alguns meses perdidos em 2020, nos projectos de transformação digital e de migração para a cloud».