Ninguém esperava que 2020 fosse um ano tão diferente do que tinha sido previsto pelo mercado, pelas consultoras e pelas empresas: falava-se num ‘grande crescimento’ e numa ‘consolidação’. A realidade não podia ter sido mais diferente e, apesar de, na área das tecnologias de informação (TI) o choque não ter sido tão intenso como em outros sectores de actividade, houve uma necessidade de adaptação e um esforço para garantir a resiliência das operações. A pandemia e 2020 mostraram que a tecnologia e o digital são fundamentais e que vão «desempenhar um papel ainda mais importante para as organizações públicas e privadas» no futuro, refere a IDC. Gabriel Coimbra, group vice president e country manager de Portugal da consultora, disse, em diversos eventos realizados no ano passado, que o impacto da pandemia, a nível mundial, se reflectiu «numa quebra do investimento nas tecnologias de informação», mas que 2021 é de «regresso ao crescimento». A Gartner também é da mesma opinião e revela um aumento das despesas com TI no valor de 4% em relação a 2020.
A transformação digital acelerada pela pandemia fez com que a IDC tenha alterado as suas previsões sobre o peso do digital na economia mundial, para 2022. Gabriel Coimbra revelou que, antes, este valor era de «50-55%»; agora, acredita-se que «65% da economia estará digitalizada» dentro de dois anos. Esta aceleração representará a um investimento global em tecnologia superior a seis biliões de euros entre 2020 e 2023», disse a consultora.
Em Portugal, os dados da IDC mostram que «apenas um terço das organizações voltaram a uma nova normalidade», o que significa que «a maioria ainda se está a adaptar ao novo contexto», tendência que se manterá em 2021. No entanto, há uma perspectiva «positiva e de confiança na recuperação económica por parte dos gestores portugueses para o próximo ano».
Ano novo, empresa nova
Uma das maiores tecnológicas do mundo, a IBM, teve um «ano muito positivo, com o mercado a evoluir e a justificar o crescimento sustentado de várias áreas de negócio», revela José Manuel Paraíso, presidente da IBM Portugal. O mercado nacional não foi excepção, com refere o responsável: «Apesar dos desafios da pandemia, conseguimos ir ao encontro da estratégia adoptada pela IBM Corporation e ajudar os nossos clientes na sua jornada de transformação digital. Neste sentido, 2020 foi um ano muito marcado pelo apoio dado às empresas, permitindo-lhes continuar as suas operações sem sofrerem disrupção». Já para este ano, em que a IBM vai fazer uma spin-off do seu negócio de serviços de gestão de infraestrutura (uma empresa independente da casa-mãe), a tecnológica «intensificará o seu foco na plataforma aberta de cloud híbrida e nas soluções de inteligência artificial», aquilo que a IBM acredita ser a «forma de ajudar os seus clientes e parceiros a seguirem o caminho da inovação».
Optimismo para Portugal
Fernando Braz, country leader da Salesforce Portugal, afirma que 2020 foi de «desafios para muitos líderes empresariais» e um ano em que «a forma como os utilizadores se envolvem com as marcas mudou substancialmente». Para a empresa de CRM, os dois grandes objectivos para 2020 foram cumpridos, salienta o responsável: «O de consolidar a nossa presença junto de grandes empresas portuguesas e o de expandir a nossa presença e focarmo-nos naquele que é o grosso do tecido empresarial português – as PME». A abertura, no ano passado, do escritório em Lisboa permitiu à Salesforce «fortalecer as relações já existentes com os parceiros e, também, com clientes directos».
Para 2021 a perspectiva é de que «o crescimento em Portugal esteja em linha com o europeu», que é o que «mais cresce» dentro do universo da Salesforce: no último ano fiscal, este aumento foi de «47%». Fernando Braz diz o que a empresa espera: «Olhamos para as oportunidades de crescimento com grande optimismo. A verdade é que existe um enorme potencial junto das empresas portuguesas e a pandemia causada pelo novo Coronavírus veio tornar a transformação digital algo fundamental para empresas de todas as dimensões».
Crescer apesar da pandemia
Para a BI4ALL, o principal objectivo foi «conseguir agir, ajustar a estratégia e adaptar-se a toda a situação», além de «preparar novos cenários e continuar com o trabalho de excelência», diz José Oliveira, CEO da empresa. A pandemia levou a um «realinhamento das expectativas para 2020, com um crescimento mais moderado, mas não perdendo de vista o crescimento estratégico» que a empresa espera «para os próximos anos».