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O (real) valor das TI

Os investimentos em tecnologia têm vindo a crescer de forma substancial dentro dos gastos corporativos. E como «com grande poder, vem uma grande responsabilidade”, os accionistas, administradores, executivos e responsáveis pelas empresas ‘exigem' que esses investimentos estejam alinhados com a estratégia de negócio.

jcomp / Freepik

A Gartner avança que todos os segmentos sofrerão um declínio de gastos em 2020, com o sector de dispositivos e sistemas de Data Center a registar as maiores quedas. No entanto, à medida que a pandemia de COVID-19 continua a estimular o trabalho remoto, sub-segmentos como o de serviços de Nuvem Pública (que abrange diversas categorias) deverão ser o ponto positivo da previsão, crescendo 19% este ano. O segmento de comunicações e mensagens baseadas na cloud verá os seus níveis de investimentos crescer 8,9% e o sector ou conferências baseadas em nuvem, 24,3%. «Em 2020, alguns projectos de transformação a longo prazo baseados em nuvem podem ser suspensos, mas os níveis gerais de gastos no segmento que o Gartner projectava para 2023 e 2024 já estarão presentes em 2022», diz o analista.

«A recuperação de investimentos em TI será lenta em 2020, com os sectores mais atingidos, como entretenimento, transporte aéreo e indústria de base a levarem pelo menos três anos ou mais para voltar aos mesmos níveis de gastos que em 2019», explica Lovelock. «A recuperação requer uma mudança de mentalidade para a maioria das organizações. É um ponto sem retorno. É preciso haver um recomeço com foco no avanço».

Nuvem marca a diferença
O investimento em cloud vai um pouco em contra-ciclo. O aumento esperado nos gastos para 2020, segundo a Gartner, é de 3,4%, e deve aumentar para 3,8% em 2021. Isso indica que as empresas e as economias em todo o mundo estão focadas na digitalização. «O que não é nenhuma surpresa», diz o analista Carlos Figueiredo. «Como consumidores, e ainda mais num contexto de pandemia, queremos experiências digitais mais sofisticadas por parte dos retalhistas e fornecedores de serviços aos quais fazemos compras. Se uma empresa não pode responder às nossas necessidades através do nosso smartphone, e de uma forma que nos permita comprar ou consumir com o mínimo de atrito, normalmente é fácil encontrar uma empresa que o faça».

Para Carlos Figueiredo, essas altas expectativas são agora cada vez mais projectadas para o sector público. «Queremos poder renovar a nossa carta de condução e cartão de cidadão de forma rápida e fácil, online. E queremos que o processo de apresentação dos nossos impostos seja tão simples quanto preencher um formulário online. Claro, queremos tudo isso ao mesmo tempo em que podemos confinar que o fornecedor de serviços nos garanta a confidencialidade dos nossos dados. A digitalização cria novas oportunidades e desafios tanto para as empresas como para o sector público».

Em 2021, Carlos Figueiredo diz que será interessante ver até que ponto as empresas vão ter a capacidade, discernimento e coragem de apostarem em áreas disruptivas, com a certeza de que o mundo, das TI como dos negócios, jamais voltará a ser o mesmo. «O melhor é ir preparando as pipocas, porque haverá muito para ver».