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O (real) valor das TI

Os investimentos em tecnologia têm vindo a crescer de forma substancial dentro dos gastos corporativos. E como «com grande poder, vem uma grande responsabilidade”, os accionistas, administradores, executivos e responsáveis pelas empresas ‘exigem' que esses investimentos estejam alinhados com a estratégia de negócio.

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Nas últimas décadas, as organizações investiram no suporte e na automação de sistemas e tecnologias de back-end. À medida que a manutenção e conservação dessa infra-estrutura se tornava cada vez mais complexa, as organizações frequentemente alocavam uma percentagem significativa do orçamento de TI para as operações de negócios. Hoje, dizem os especialistas, a tecnologia está comummente interligada em todas as funções de negócio e tem o potencial de impactar ganhos, crescimento, desempenho e vantagem competitiva.

Além dos tradicionais benchmarks da indústria, a estratégia de investimento depende cada vez mais dos recursos tecnológicos existentes, da própria estratégia de negócio e do ambiente competitivo. «Se, antes, era pedido aos CIO a ‘preservação de valor’, agora é-lhes pedida a ‘criação de valor’. Optimizar os investimentos em TI tornou-se uma prioridade não só para eles, mas para toda a empresa», disse à businessIT Carlos Figueiredo, consultor na Dynamics Resources.

Uma recente análise da Deloitte ao investimento em tecnologia revela padrões de gastos consoante a estratégia de negócio, prioridades e apetência por risco para determinar os orçamentos de TI. Ou seja, a quantidade e o tipo de investimentos em tecnologia podem variar significativamente entre indústrias e sectores. Segundo esta consultora, os gastos com tecnologia, em percentagem da receita, vão desde os 7% na banca e seguros, a menos de 2% na construção e produção. A média geral para todos os sectores é de 3,28%.

Aliás, a Deloitte defende que os níveis de investimento podem inclusivamente variar de sector para sector dentro da mesma indústria. Por exemplo, nos serviços financeiros, muitos CIO da banca estão a perspectivar grandes projectos de transformação digital, com elevados níveis de gastos em TI (7,16%), considerados críticos para manter a vantagem competitiva. Por outro lado, os gastos com TI no sector dos seguros (3,62 por cento) estão mais próximos da média geral.

A consultora refere ainda que alguns sectores estão a aumentar os orçamentos de TI em resposta às condições do mercado. Na análise da Deloitte, a maioria dos CIO na área dos seguros, serviços de saúde, e viagens e meios de comunicação relatam que os seus orçamentos de TI estão a aumentar. Nessas indústrias, muitas empresas estão a trabalhar para integrar a infra-estrutura de back-end com tecnologias digitais de front-end que as ajudarão a melhor “envolver” os seus clientes.

Na sua busca para fazerem o melhor uso dos orçamentos de TI em apoio à estratégia de negócio, muitos CIO estão a adoptar uma mudança fundamental no modelo operacional de TI e nas estruturas de custos, garante Carlos Figueiredo. «Isso inclui olhar além da distinção tradicional entre despesas operacionais e de capital para rastrear e relatar investimentos em operações de negócio, mudanças incrementais no negócio e inovação nesse mesmo negócio».