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O (real) valor das TI

Os investimentos em tecnologia têm vindo a crescer de forma substancial dentro dos gastos corporativos. E como «com grande poder, vem uma grande responsabilidade”, os accionistas, administradores, executivos e responsáveis pelas empresas ‘exigem' que esses investimentos estejam alinhados com a estratégia de negócio.

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Um CIO é um estratega
Bruno Neves Alves, da eProseed, admite que os CIO estão cada vez menos técnicos, mais afastados da infra-estrutura e menos focados em apenas reter valor e reduzir custos, ou apenas em manter as “luzes acesas”. «Um CIO é actualmente um estratega. Faz parte da visão da empresa, não só influencia como participa na decisão do que a empresa vai ser amanhã».

Para este executivo, o investimento Opex continua importante, mas tem primordialmente o objectivo de reduzir custos e dotar os departamentos de TI com a tranquilidade e “espaço” necessário para que se possam focar na estratégia de digitalização e, assim, acrescentar valor directo ao negócio da empresa.

«Existe um real aumento de Capex ao qual os CIO têm hoje acesso. É uma questão de sobrevivência – a inovação, agilidade e visibilidade são fundamentais. A Inovação na forma como lidam com os clientes, providenciando-lhes a melhor experiência possível; agilidade na oferta de novos produtos, na adequação ao mercado; e visibilidade, equipando a empresa com ferramentas que forneçam informação para que a empresa se adeque à realidade do seu negócio e ao que os seus clientes procuram – não só olhando para o presente, mas principalmente preparando o futuro».

Tudo isto, segundo Bruno Neves Alves, se traduz numa necessidade constante de programas de transformação digital, alavancando tecnologias como Artifical Inteligence e Machine Learning, não descurando apostas mais tradicionais na integração ou Data Mining e Data Governance que permitam maximizar a capacidade da empresa em traduzir a digitalização em valor.

2020 e a optimização de custos
Por parte das consultoras, a Gartner prevê que os gastos mundiais com Tecnologia da Informação irão totalizar este ano a quantia de 2,81 biliões de euros, o que representa um declínio de 8% em relação a 2019. A pandemia do novo coronavírus e os efeitos da recessão económica mundial, segundo esta consultora, estão a obrigar os CIO a darem prioridade aos investimentos em tecnologias e serviços que considerados «de ordem crítica» em detrimento de iniciativas focadas em crescimento ou transformação.

«Os CIO adoptaram uma estratégia para a optimização de custos de emergência, o que significa que os investimentos serão minimizados e destinados a operações que mantêm os negócios a funcionar, o que será a principal prioridade para a maioria das organizações durante 2020», afirma John-David Lovelock, vice-presidente de pesquisa da Gartner. «A recuperação não seguirá os padrões anteriores, pois as forças por trás dessa recessão criarão choques nos lados de oferta e de procura, à medida que as restrições de saúde pública, sociais e comerciais começam a diminuir».