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Perspectivas para 2020: confiança, consolidação e inovação

O que marcou 2019 e o que esperam as empresas que actuam no mercado nacional de tecnologias de informação (TI) para o próximo ano? Falámos com diversas organizações de todas as áreas das tecnologias e chegámos à conclusão de que há um clima de confiança. Os gestores falaram ainda de consolidação e inovação.

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Conscencialização está a crescer
2019 foi um ano bom para a S21sec Portugal. Pedro Norton Barbosa,country manager da S21sec, revela os motivos:«Crescemos em todos os sectores, com especial enfoque no sector financeiro, onde fortalecemos a nossa posição de liderança em serviços de monitorização (SOC) e Cyber Threat Intelligence. Já para este ano, os objectivos são «ambiciosos» em que a empresa quer «continuar o crescimento a um ritmo acelerado, protegendo cada vez mais infraestruturas críticas e serviços essenciais». O responsável disse, ainda, que no mercado nacional de cibersegurança «há uma maior sensibilização das empresas e organizações quanto aos efeitos nefastos das ciberameaças e que essa «conscencialização traduziu-se numa maior aposta em projectos e serviços continuados nas várias vertentes de cibersegurança, resultando num mercado em crescimento».

Quantas às tendências, os «ataques direcionados, ataques de ransomware e de malware vão continuar a ser o maior pesadelo para empresas e organizações». O country manger alertou ainda para o facto de que «com o aumento da superfície de ataque, a complexidade crescente dos ciberataques e a escassez de talento a nível global, as empresas e organizações vão cada vez mais precisar de apoio de parceiros especializados para protegerem a sua marca, o seu negócio, a sua informação e as suas pessoas».

Desafios e novas oportunidades
O ano passado foi de mudança para a Cilnet, já que a empresa foi adquirida pelo Logicalis Group, em Setembro. Esta operação, segundo explicou na altura da compra, o CEO do integrador de soluções, João Martins, vai permitir «desbloquear enormes oportunidades enquanto player disruptivo da Cisco», a nível nacional. Assim, não é difícil perceber porque o sales director da Cilnet, Luís Lança, tenha apelidado o ano de «desafiante», mas também de «transformação e reforço da oferta de soluções».

A tecnológica vê um crescimento do mercado para este ano que agora se inicia e prevê «um investimento generalizado no processo de transformação digital» que aliado ao «reforço da oferta» conduzirá ao objectivo da empresa: crescer a quota de mercado.

A Dynabook é outra empresa que passou por uma mudança, deixando de ser conhecida por Toshiba Client Solutions. O principal desafio foi, conforme referiu, Luís Polo, B2B sales manager da Dynabook Portugal «a apresentação da nova marca, sem que o mercado deixasse de os reconhecer e ao seu ADN de inovação e qualidade».

As perspectivas para 2020 são «excelentes» e a empresa acredita que vai «continuar a apostar na inovação» e alcançar «objetivos de negócio ainda mais arrojados» apesar da Dynabook reconhecer que este será um ano «que terá um ciclo de crescimento lento, devido a um abrandamento da economia global, que também se vai refletir no mercado nacional».

PME: investir para continuar a inovar
O IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação considera que o balanço de 2019 foi «positivo tendo presente todos os desafios ultrapassados e o desempenho relevado» pelas empresas nacionais, disse à businessIT, Nuno Mangas, presidente do conselho directivo da entidade. O responsável esclareceu que a economia portuguesa está «a beneficiar de um ritmo de crescimento sustentado, alicerçado no aumento das exportações e do investimento», mas reconheceu que o mais desafio para os próximos anos «é crescer a um ritmo consistente e acelerado».

Dado que o tecido empresarial é maioritariamente composto por pequenas e médias empresas (PME), é com estas organizações que o IAPMEI trabalha de perto para reforçar a competitividade e a inovação no país. Nuno Mangas referiu que no ano passado, tal como em 2020, a «preocupação tem sido a de aprofundar o conhecimento e a realidade das empresas e de disponibilizar instrumentos de política pública que sejam adequadas às necessidades dos empreendedores e dos empresários e que acompanhem todo o ciclo de vida das empresas».

O responsável do IAPMEI classificou o desempenho registado em 2019, em termos de inovação, como «particularmente interessante» e apontou o último Relatório Anual das PME (2018/2019) da Comissão Europeia como prova disso mesmo. O estudo revelou que 66,4% das PME portuguesas investem em inovação, contra os 49,5% de média na União Europeia. Este é o «valor mais elevado da Europa», realçou. Nuno Mangas destacou ainda os «incentivos dados» como a linha de crédito ADN 2018 – Sucessão Empresarial e Incremento de Escala e o Portugal 2020 como grandes contributos para esse facto. O presidente do conselho directivo mostrou-se «grato» por ver que os «empresários e empreendedores» têm «interesse crescente nos programas e ações desenvolvidas pelo IAPMEI e que esses instrumentos têm contribuído de forma efetiva para o aumento da competitividade e inovação das empresas».

Em 2020, o IAPMEI irá focar a sua intervenção «na melhoria contínua da eficiência na gestão dos sistemas de incentivos, no reforço de uma actuação de proximidade nas diferentes áreas de intervenção, na promoção do empreendedorismo qualificado e inovador e ainda no reforço da dinamização da transformação digital e da sustentabilidade junto das PME».