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Perspectivas para 2020: confiança, consolidação e inovação

O que marcou 2019 e o que esperam as empresas que actuam no mercado nacional de tecnologias de informação (TI) para o próximo ano? Falámos com diversas organizações de todas as áreas das tecnologias e chegámos à conclusão de que há um clima de confiança. Os gestores falaram ainda de consolidação e inovação.

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As empresas nacionais, ou com operações em Portugal de TI, falam em ‘crescimento’ e ‘consolidação’ para 2020 e mostram-se satisfeitas com os resultados de 2019 e dos últimos anos. Este sentimento de optimismo é também transversal às principais consultoras que prevêem um aumento dos gastos de TI este ano. A Gartner diz que os departamentos de TI globalmente gastaram 3,7 biliões de dólares, ou seja, cerca de 3,3 biliões de euros, um crescimento de 0,4% em relação a 2018.

No entanto, este ano o aumento deverá ser na casa dos 3,7% e chegar 3,9 biliões de dólares (3,5 biliões de euros). Esta estimativa deve-se ao aumento dos gastos com software que devem crescer cerca de 10,9% este ano, para 507 mil milhões de dólares (455 mil milhões de euros). Em Portugal, a IDC previa para o mercado de TIC (IT + Telecom) um crescimento de 2,2% em 2019. A consultora ainda está «fechar os números do ano passado», mas adiantou à businessIT «que o crescimento será bastante superior, entre 3% e 5%». Gabriel Coimbra, group vice president e director geral da IDC Portugal, disse que no País «vão existir quatro áreas onde se vai ver, certamente, uma grande dinâmica em 2020: cloud; big data, analytics e inteligência artificial (IA); cibersegurança e IoT».

Mercado nacional vai ser dinâmico
‘Crescimento’ e ‘dinamismo’ é o que se pode esperar para o mercado das TIC, em Portugal. Ao nível da cloud e infraestrutura híbrida, o responsável da IDC salientou que a nuvem deve «atingir 100% de utilização nas organizações portuguesas». O mercado nacional «está a crescer acima dos 15% e vai ultrapassar os duzentos milhões de euros em 2020» mas há um grande desafio para as organizações, disse Gabriel Coimbra, que «será conseguirem pôr em prática uma estratégia multicloud e forma a gerir de forma eficaz, eficiente e segura um ambiente tecnológico cada vez mais complexo». Outra dificuldade, que vai conduzir a investimentos na área de big data, analytics & AI, em 2020, «não será ao nível da tecnologia, mas sim ao nível da gestão dos dados», acrescentou. Assim, «data governance, security&privacy e data monetization» vão estar na agenda das organizações este ano. O mercado em Portugal está «a crescer quase 10% e vai ultrapassar os 250 milhões de euros».

A cibersegurança e a IoT são os outros sectores que trarão dinâmica ao mercado nacional. A primeira área vai «crescer acima dos 5% e ultrapassar os 150 milhões de euros este ano» e a segunda terá um «crescimento exponencial». A evolução  da IoT será sustentada pela «redução dos custos dos sensores e entrada do 5G» e será «um dos principais impulsionadores das soluções de big data, analytics & AI». Gabriel Coimbra revelou que o «mercado (incluindo sensores e serviços de comunicação) está a crescer acima dos 10% e vai ficar perto dos dois mil milhões de euros em 2020», concluiu.

Consolidação de negócio
A Dell Technologies, que nasceu da união da Dell e EMC, tem presença no mercado nacional há vários anos e ainda não terminou o seu ano fiscal de 2019, mas segundo a managing director enterprise – Spain & Portugal, Isabel Reis, «está a correr acima das expectativas em relação ao ano anterior» e com «bons níveis de crescimento a nível nacional». O ano passado foi marcado pela «estabilização do negócio local, sempre com o objectivo de manter a base instalada, ganhar novos clientes e fazer crescer a quota de mercado». A responsável destacou surgiram nestes últimos dois anos, novas oportunidades de negócio, para o «suporte da estratégia das empresas a nível de soluções multicloud, transformação do posto de trabalho e ofertas suportadas em modelos de SaaS» tendo sido essas áreas que estão a impulsionar o reforço da posição da Dell no mercado português.

Este ano, as perspectivas da tecnologia não são diferentes mas a estratégia sim, alvo de uma mudança na casa-mãe que decidiu terminar com o modelo de gestão por segmento de mercado, onde cada país tinha uma direção geral dividida por commercial e enterprise e passar a ter um único director-geral. No País, Isabel Reis será a líder a quem cabe assegurar uma Dell Technologies «ainda mais forte». É por esse facto que explicou à businessIT que este «será um ano de consolidação», não só da tecnológica, mas também de «muitos dos clientes no seu processo de transformação digital e será o início desta caminhada para muitos outros». Em Portugal, «o percurso e o avanço não vai ser muito diferente dos outros países da Europa» em que existirão decisões mais «sustentadas, fruto de um mercado mais informado e mais maduro». Isabel Reis revelou ainda que, de acordo com o estudo efetuado pela Dell, o país é «pioneiro no número de clientes que já iniciaram o seu processo de implementação de uma estratégia para a transformação digital», o que contribuirá para esta proximidade à Europa.