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Hiperautomação: o novo horizonte da eficiência empresarial

Numa era onde a digitalização se tornou a espinha dorsal do sucesso empresarial, a hiperautomação emerge como um elemento crucial na manutenção de uma vantagem competitiva. A transição para uma operação totalmente digital, incorporando automação inteligente de ponta a ponta, não é apenas uma melhoria incremental, mas um salto para a transformação e criação de modelos de negócio revolucionários. Este é o mundo da hiperautomação - um fenómeno que não é apenas uma tendência passageira, mas uma mudança de paradigma fundamental, remodelando o panorama empresarial e abrindo portas para novas oportunidades e desafios no mercado global.

Lenny Kuhne/Unsplash

Uma mudançana cultura organizacional
Parece consensual que a adopção da hiperautomação apresenta muitos benefícios, mas também diversos desafios que as empresas têm de enfrentar, como a resistência interna à mudança, a segurança e privacidade dos dados e a diversidade tecnológica que envolve. Paula Martins, digital transformation business consultant da Devoteam, sustenta que a implementação da hiperautomação exige, sobretudo, uma mudança significativa na cultura organizacional e nos processos de trabalho. «Muitos colaboradores podem sentir-se ameaçados e preocupados com o impacto no seu trabalho, o que exige uma comunicação transparente e eficaz sobre os seus benefícios. À medida que mais dados são automatizados e partilhados entre sistemas, a segurança e a privacidade dos dados tornam-se preocupações críticas das empresas». A violação destes dados pode resultar em danos financeiros significativos e prejudicar a confiança dos clientes, pelo que se torna crucial garantir a segurança e a conformidade com regulamentações de privacidade. «A hiperautomação envolve a integração de diversas tecnologias de automação, como Inteligência Artificial ou RPA, e muitas vezes é necessária interacção com sistemas legados. Gerir essa complexidade tecnológica e garantir que as diferentes tecnologias interagem de forma eficaz é um desafio significativo e exige planeamento, investimento em recursos especializados e a definição de uma estratégia de automação abrangente e alinhada com os objectivos de negócio».

Para a especialista, enquanto a automação tradicional se foca, muitas vezes, em tarefas repetitivas e simples, o objectivo da hiperautomação é automatizar tarefas complexas que envolvem a tomada de decisões, integrações com diversos sistemas e até mesmo automatizar processos na sua totalidade, que anteriormente eram realizados manualmente. «Isto pode incluir desde a automação de fluxos de trabalho de gestão de recursos humanos até à automação de processos de atendimento ao cliente. A automação de processos reduz o tempo necessário para a execução de determinada tarefa, o que resulta em ciclos de produção mais curtos, menor tempo de resposta a clientes e maior produtividade geral». Ao eliminar tarefas que antes eram executadas manualmente, Paula Martins diz que a automação conduz a uma redução de erros humanos e, por conseguinte, a menos retrabalho, desperdício de recursos e perda de tempo. Outra vantagem apontada pela executiva «é a libertação de colaboradores para se focarem em tarefas de maior valor acrescentado».

A Devoteam prevê que a hiperautomação tenha um papel cada vez mais central nas operações e na transformação das empresas. «Considerando as tendências actualmente observadas, é altamente provável que profissionais de negócios passem a criar fluxos de trabalho automatizados sem terem conhecimentos de programação, através do desenvolvimento de automação no code/low code. Isso democratiza a automação, tornando-a acessível a um público mais amplo e acelerando a implementação de soluções automatizadas em qualquer ramo e empresa».

Na era da redução dos custos
Pedro Fernandes, director consulting no sector de Financial Services na CGI, partilhou com a businessIT uma análise detalhada sobre a adopção da hiperautomação nas empresas, destacando os desafios, impactos e tendências futuras. Começando por enfatizar que «a automação em grande escala requer, na maior parte das vezes, mudanças culturais nas organizações», principalmente na aceitação da automação por parte dos colaboradores, aponta a necessidade de mudança para uma cultura de inovação, que envolve uma maior colaboração entre máquinas e humanos, e a requalificação das equipas para novas competências tecnológicas.