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Web3: a soberania do utilizador

Num mundo já por si hiperconectado, chega a ser complicado imaginar que há especialistas a defender que a Internet precisa urgentemente de uma enorme remodelação. Mas há. E muitos. Aliás, é precisamente esta omnipresença do mundo virtual que levou cada vez mais profissionais a trabalharem no que chamam de «nova era» da Internet. A Web3.

Uma das implicações mais significativas da descentralização e da tecnologia blockchain está na área da propriedade e compensação de dados. À medida que avançamos para a Web 3.0 e as tecnologias que a apoiam amadurecem e se tornam escaláveis, os especialistas admitem que a Web irá conseguir reflectir a sua intenção original. Certamente, Berners-Lee não previu que os gigantes da Internet dominariam a Web e se tornariam proprietários e utilizadores dos nossos dados.

Em suma, a Web3 trará, pelo menos por definição, uma Internet mais justa, permitindo que o utilizador seja soberano. A verdadeira soberania implica possuir e ser capaz de controlar quem lucra com o tempo e informações do utilizador. «O protocolo blockchain descentralizado da Web3 permitirá que os indivíduos se liguem a uma Internet onde possam ser devidamente compensados pelo seu tempo e dados, fazendo desaparecer uma Web exploradora e injusta, onde repositórios gigantes e centralizados são os únicos que lucram com isto», lê-se no documento da Forbes Technology Council.

Claramente, a Web3 vai abalar a privacidade e a economia dos dados como a conhecemos. Tal como a Associação Internacional de Profissionais de Privacidade (IAPP) sugeriu em 2018, a Web3 pode ser apenas a resposta para os nossos problemas, cada vez mais graves e frequentes, de privacidade de dados.

Uma web espacial
Já a Deloitte diz que a Web3, ou a «Web Espacial», combinará a aprendizagem de máquina da Web semântica com tecnologias de contabilidade distribuída como blockchain para autenticar e descentralizar informações, resultando numa «interacção com informações longe dos ecrãs de encontro ao espaço físico».

Assim, parece unânime entre as várias “casas” de especialistas que as ‘marcas’ da Web3 serão a descentralização e maior interacção do utilizador e controlo sobre os dados. Os dados vão ser dispersos numa variedade de recursos de computação, incluindo telefones, aparelhos, sensores e veículos, em vez de mantidos exclusivamente em armazenamentos de dados centrais e, como diz a Deloitte Insights, «eliminem eventualmente a fronteira entre conteúdo digital e objectos físicos que hoje conhecemos» e «melhorem a eficiência, comunicação e entretenimento de uma forma que apenas estamos hoje a começar a imaginar».