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Web3: a soberania do utilizador

Num mundo já por si hiperconectado, chega a ser complicado imaginar que há especialistas a defender que a Internet precisa urgentemente de uma enorme remodelação. Mas há. E muitos. Aliás, é precisamente esta omnipresença do mundo virtual que levou cada vez mais profissionais a trabalharem no que chamam de «nova era» da Internet. A Web3.

Os especialistas advogam que a actual Internet, considerada de segunda geração, ou Web 2.0, deve transformar-se em algo mais inteligente. Falam mesmo numa «web semântica» que, além de ser mais eficiente, oferece aos utilizadores um maior controlo sobre os seus dados.

Vamos ser sinceros: a Internet é, sem dúvida, a revolução tecnológica mais importante na história da humanidade. Mas embora, como sugere a Forbes Technology Council, a Internet tenha evoluído consideravelmente desde o seu início, o seu estado actual é semelhante ao da indústria automóvel em 1920 – uma tecnologia revolucionária que existe há vinte anos, mas que ainda é relativamente imatura e precisa de grandes melhorias.

Vejamos: supostamente, a Internet de Tim Berners-Lee seria «um meio colaborativo, um lugar onde todos nos poderíamos encontrar, ler e escrever». A questão é que este sistema interconectado de computadores, projectado para cientistas partilharem as suas experiências foi desde logo dominado pela AOL, Compuserve, Yahoo e outros portais. Estes fornecedores de serviços online foram a porta de entrada para a Web 1.0, onde empresas, indivíduos e governos começaram a consumir e ocasionalmente colocar conteúdo. O caldo entornou-se quando a Netscape lançou o seu navegador da Web em 1994, provocando a explosão das «dotcom». A guerra dos navegadores tinha começado.

A Internet como plataforma
Ao contrário da Web 1.0, onde, de acordo com um documento da AT&T, «os criadores de conteúdo eram poucos… com a maioria dos utilizadores a agirem simplesmente como consumidores de conteúdo», a Web 2.0 trouxe «a Internet como uma plataforma», onde as aplicações de software são construídas na Web e não no desktop».

Isto levou ao que todos assistimos: utilizadores em massa a participarem na criação de conteúdo em redes sociais, blogs, sites de partilha e muito mais. Mecanismos de busca e plataformas sociais impulsionados por conteúdo gerado pelo utilizador revolucionaram os sectores da comunicação social, publicidade e retalho. Como resultado, empresas gigantes de retalho e media que não se adaptaram morreram ou estão a lutar para se manter à tona.