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Web3: a soberania do utilizador

Num mundo já por si hiperconectado, chega a ser complicado imaginar que há especialistas a defender que a Internet precisa urgentemente de uma enorme remodelação. Mas há. E muitos. Aliás, é precisamente esta omnipresença do mundo virtual que levou cada vez mais profissionais a trabalharem no que chamam de «nova era» da Internet. A Web3.

Aliás, a Forbes Technology Council é clara ao afirmar que o modelo de negócios da Web 2.0 depende da participação do utilizador para criar novos conteúdos e dados de perfil para serem vendidos a terceiros para fins de marketing. De facto, a Internet tornou-se uma enorme loja de aplicações, dominada por apps centralizadas em empresas como a Google, Facebook e Amazon, onde todos estão a lutar para construir uma audiência, recolher dados e monetizar esses dados por meio de publicidade direccionada.

Para a Forbes, a centralização e exploração de dados e o seu uso sem o devido consentimento dos utilizadores está embutido no próprio modelo de negócios da Web 2.0.

Afinal, a Web pode não ser semântica
Há uns anos, pensava-se que a próxima geração da Internet seria a Web Semântica. Berners-Lee cunhou o termo para descrever uma Web na qual as máquinas processariam o conteúdo de uma maneira humana (ou seja, um “cérebro global” onde todos os dados seriam conectados e compreendidos contextual e conceitualmente).

Mas os especialistas dizem que a Web Semântica não se concretizou por vários motivos. A principal razão foi a de que a tecnologia real de IA, conhecida como RDF (resource description framework), era quase impossível de implementar. Como é que uma máquina pode saber a diferença entre um jaguar (o animal) e um Jaguar (o carro)? A única maneira de saber a diferença é entender o contexto em que a palavra está a ser descrita. Segundo explora a Forbes, ligar conceitos e construir taxonomias para cada palavra são tarefas monumentalmente difíceis. Tão difícil que, apesar de o Watson da IBM gastar milhares de milhões para avançar nessa tecnologia, nunca se concretizou.

Ou seja, a ascensão de tecnologias como registos distribuídos e armazenamento em blockchain permitirá a descentralização de dados e criará um ambiente transparente e seguro, superando a centralização, vigilância e publicidade exploradora da Web 2.0, diz a Forbes Technology Council. «A infra-estrutura descentralizada e as plataformas de aplicações substituirão os gigantes da tecnologia centralizada e os indivíduos poderão possuir os seus dados por direito».