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Falta de profissionais de cibersegurança vai continuar a aumentar em 2024

No ano passado, a escassez de competências em cibersegurança traduziu-se na falta de quatro milhões de profissionais, em todo o mundo. As principais associações e entidades do sector consideram que, em 2024, o problema vai aumentar.

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Há vários anos que o número de profissionais nas TIC é inferior às necessidades existentes, uma realidade ainda maior na área da cibersegurança. Esta situação foi agravada com a crescente transformação digital das empresas e da economia, assim como com o número de ciberataques existentes. O International Information System Security Certification Consortium (ISC2) revela que, em 2023, faltaram quatro milhões de profissionais em todo o mundo, isto apesar de ter havido um aumento do talento nesta área, que chegou às 5,5 milhões de pessoas. Já um estudo da Information Systems Audit and Control Association (ISACA) revela que, no ano passado, 62% das equipas de cibersegurança tinham falta de pessoal.

Além disto, os crescentes ataques cibernéticos estão a criar ainda maior tensão, como mostram os dados da ISC2: 75% dos profissionais de cibersegurança consideram que o actual cenário de ameaças é o mais difícil dos últimos cinco anos. Um relatório da Fortinet indica ainda que, devido à falta de pessoal adequado, 68% das empresas enfrentam riscos adicionais de cibersegurança.

Desafio mantém-se
Em 2024, este cenário não deverá mudar, salienta Ana Baliña Pérez, directora de recursos humanos da S21Sec: «A lacuna continuará a crescer, pois serão necessários cada vez mais perfis. O aumento da digitalização pós-COVID e o teletrabalho são as principais causas. Além disto, as inscrições nos centros de formação profissional e nas universidades, não só não se mantêm, como estão, inclusivamente, a diminuir. Devemos ter em consideração a diminuição da natalidade, que terá um grande impacto».

A empresa, que aumentou a sua força de trabalho em 4%, durante o ano passado, revela os dados do Instituto Nacional de Cibersegurança (INCIBE) de Espanha, para corroborar esta visão. A entidade prevê que o número necessário de profissionais no sector vai ultrapassar as 83 mil pessoas; já cerca de 42 mil profissionais vão estar à procura de emprego. A igualdade de género é outro dos desafios do sector da cibersegurança já que, de acordo com a ISC2, o talento feminino corresponde apenas a 24% da força de trabalho global.

Por outro lado, a Sophos está convencida de que a lacuna de talentos na área «não será tão grande como muitos dos estudos fazem parecer» e que as empresas devem ter uma «mente mais aberta ao contratar profissionais de segurança», bem como a «aumentarem a diversidade dos potenciais candidatos», para lidar com escassez de talento.

A inteligência artificial é vista como uma oportunidade para reduzir esta crise das competências, permitindo a automatização de mais tarefas e deixando mais tempo livre para os profissionais lidarem com as situações mais importantes. No entanto, isto pode agravar o problema, já que serão necessários colaboradores com conhecimentos especializados para utilizar estas ferramentas de forma eficaz, acredita Jon Brandt, director of professional practices and innovation da ISACA: «A IA generativa tem a possibilidade de ajudar as operações de segurança, mas, como qualquer outra tecnologia, exige que os profissionais a compreendam a um nível adequado à sua responsabilidade».