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Cem edições depois: oito anos a contar a transformação digital de Portugal

Da cloud à inteligência artificial, passando pela cibersegurança e pelo trabalho remoto, o sector tecnológico mudou profundamente. A businessIT acompanhou essa evolução. E continua a dar-lhe voz.

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IBM: do potencial por cumprir à urgência da IA ética e sustentável
Os últimos oito anos foram marcados por transformações profundas, mas também por promessas ainda por concretizar, disse à businessIT Gonçalo Costa Andrade, software director da IBM Portugal. «A adopção generalizada da inteligência artificial e da automação foi, sem dúvida, um dos marcos mais transformadores», afirma. Estas tecnologias permitiram «ganhos significativos de eficiência, personalização e tomada de decisão baseada em dados». A par disto, a evolução da cloud híbrida e das arquitecturas distribuídas trouxe «maior escalabilidade e flexibilidade», ao passo que «a crescente sofisticação das soluções de cibersegurança tornou-se essencial num contexto de ameaças cada vez mais complexas». Ainda assim, o responsável deixa um alerta: «Existe, no entanto, uma preocupação não tanto sobre o caminho que foi feito, mas com o potencial que ainda está por concretizar com os avanços tecnológicos, sobretudo dos últimos dois anos».

Gonçalo Andrade © IBM

A IBM não ficou à margem desta revolução: «Reforçámos a nossa aposta em soluções baseadas em dados e IA, expandimos a nossa oferta para incluir serviços de consultoria estratégica em transformação digital e adoptámos modelos de negócio mais orientados para a subscrição e serviços geridos», descreve Gonçalo Costa Andrade. Um dos momentos mais determinantes foi o spin-off da unidade de serviços tecnológicos, que marcou «um voltar ao nosso ADN». Esta mudança estratégica permitiu à empresa «posicionar-se como parceira de inovação dos nossos clientes, acompanhando-os em processos de mudança profunda e sustentada através de um ecossistema de parceiros da IBM que reconstruímos para este efeito».

O director da IBM Portugal antecipa três grandes áreas com impacto transversal: «A inteligência artificial, a sustentabilidade e a computação quântica serão temas centrais que terão de ter a capacidade de concretizar as promessas que trazem nas diversas áreas para as organizações». A IA exigirá uma integração ética e responsável, com especial atenção à soberania e segurança dos dados: «Os desafios que se colocam às organizações serão sempre distintos dos que se colocam ao comum cidadão». Quanto à sustentabilidade,

Gonçalo Costa Andrade considera que «a pressão para reduzir a pegada ambiental das tecnologias exigirá soluções mais verdes e eficientes» e lembra que «o bem do planeta não será compaginável com uma falta de foco nesta área». Já a computação quântica, embora ainda numa fase de acesso restrito, promete desbloquear novas possibilidades: «Esperamos uma maior democratização na sua utilização nos próximos anos, abrindo portas cujo impacto não podemos totalmente ainda antever e que advirá de uma capacidade computacional inexistente até à data». Algumas dessas aplicações poderão surgir «na criação de novos materiais ou de novas substâncias, ou mesmo de desafios de optimização e da simulação da realidade».

WatchGuard: da protecção de rede à resiliência organizacional
O panorama tecnológico nacional sofreu uma verdadeira transformação nos últimos oito anos e, com isto, as prioridades das empresas. Quem o afirma é António Correia, area sales manager da WatchGuard em Portugal: «A aceleração da digitalização das empresas, impulsionada por factores como a adopção da cloud, o crescimento do trabalho remoto e, mais recentemente, a disseminação da inteligência artificial, alterou profundamente as prioridades organizacionais». Neste contexto, a cibersegurança deixou de ser um tema circunscrito às equipas de TI para passar a integrar a agenda estratégica. «As empresas portuguesas tornaram-se mais conscientes dos riscos associados à cibercriminalidade, da necessidade de proteger dados sensíveis e de cumprir os requisitos legais e regulatórios, como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD)», nota o responsável. Resultado? «Uma valorização clara da segurança como um investimento crítico, e não apenas como um custo operacional». Várias inovações marcaram o sector da cibersegurança durante este período. «A migração para ambientes cloud e híbridos obrigou à redefinição das abordagens tradicionais à segurança, substituindo o modelo baseado em perímetros por estratégias mais dinâmicas, como o princípio do Zero Trust», refere António Correia.

António Correia © WatchGuard

O trabalho remoto ampliou a superfície de ataque e exigiu soluções adaptadas a dispositivos e acessos externos. Paralelamente, «a integração de inteligência artificial e machine learning nos sistemas de detecção de ameaças tornou-se um factor diferenciador», assim como «a consolidação de plataformas unificadas de segurança, como a WatchGuard Unified Security Platform, que permitem às organizações gerir de forma centralizada e integrada os diferentes domínios da sua protecção digital». A própria WatchGuard acompanhou a evolução: «Expandimos significativamente o nosso portefólio, passando de uma abordagem centrada na segurança de rede para uma plataforma abrangente que cobre também a protecção de endpoints, a autenticação multifator e a inteligência contra ameaças». Esta mudança estratégica assentou num princípio-chave: «A simplificação da cibersegurança, tornando-a acessível e eficaz, mesmo em ambientes com recursos limitados».

O reforço da colaboração com Managed Security Service Providers permitiu acelerar a adopção de soluções de segurança como serviço: «Paralelamente, reforçámos o investimento em usabilidade, automatização e integração, de forma a aliviar a carga operacional das equipas de TI e a aumentar a eficiência dos processos de protecção». Quanto aos próximos anos, António Correia acredita que os desafios se tornarão ainda mais complexos: «Antecipamos um aumento significativo na utilização de inteligência artificial, tanto por parte dos atacantes como das ferramentas de defesa, o que exigirá mecanismos cada vez mais sofisticados e proactivos».

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