«Não acontece só aos outros. Não acontece só às empresas lá fora». Era com este alerta que se abria, em 2016, o primeiro tema de capa da businessIT. O assunto em destaque era o cibercrime económico, num tempo em que o ransomware insistia em afirmar-se como uma das maiores ameaças à segurança empresarial. Portugal não estava imune, mas o tema ainda era pouco discutido. O título, ‘TI nas malhas do cibercrime económico’, dava o mote para o que seria, desde então, a missão da revista: informar, questionar e antecipar tendências.
Cem edições depois, o equivalente a oito anos de jornalismo especializado, temos razões para crer que a businessIT continua a ser uma referência no panorama mediático das TI nacionais. Num país onde os media especializados são escassos e frequentemente desvalorizados, a existência continuada da businessIT representa também um sinal de maturidade do sector. A imprensa especializada não é apenas um reflexo da actividade económica e tecnológica, é uma ferramenta crítica para a sua compreensão. Permite aprofundar temas, cruzar pontos de vista, dar palco a vozes que muitas vezes ficam fora do radar mediático e construir uma memória colectiva da evolução digital do País.
Celebrar cem edições é, acima de tudo, uma oportunidade para olhar para trás e reconhecer a relevância da análise especializada num mundo onde os temas tecnológicos deixaram de ser periféricos para ocupar o centro das decisões. Da cibersegurança à inteligência artificial, da cloud à sustentabilidade, das startups aos grandes integradores, a businessIT tem sido uma testemunha atenta e um interveniente activo no debate sobre o futuro digital de Portugal.
Para celebrar as cem edições, convidámos algumas empresas que desde sempre nos acompanharam para, também elas, fazerem um balanço dos últimos oito anos. Quais os marcos tecnológicos ou inovações que mais impactaram o seu sector neste período? De que forma evoluíram? E o que projectam para os próximos oito anos?
Fujitsu: a urgência da literacia tecnológica
Para Alexandre Ferreira, director-geral da Fujitsu Portugal, os últimos oito anos foram moldados por dois fenómenos decisivos: a pandemia e a ascensão da inteligência artificial. A pandemia «obrigou as organizações a repensar todo o seu método de trabalho de uma forma acelerada e num curto espaço de tempo, dada a necessidade de acesso remoto aos seus dados e de colocar ao serviço dos seus colaboradores as melhores ferramentas tecnológicas de trabalho, em regime remoto, para continuarem a operar», começa por explicar. O segundo marco, que continua a ganhar relevância, é a inteligência artificial: «Está, agora, a moldar a forma como as pessoas, as empresas e os diversos agentes económicos se relacionam e tomam decisões assentes em mais informação, que anteriormente era complexa ou impossível de reunir e relacionar de forma ágil e em tempo útil».
O percurso da Fujitsu acompanha estas transformações. «Em 2005, éramos uma equipa com duzentas pessoas em Portugal e hoje somos aproximadamente dois mil», assinala o responsável. A pandemia, em particular, trouxe uma mudança estrutural: «Apresentámos o programa Fujitsu Work Life Shift, com o objectivo de criar um escritório ‘sem fronteiras físicas’ que facilite a existência de uma cultura resiliente, permitindo que os nossos colaboradores se foquem na criação real de valor, independentemente da sua localização física, o que contribuiu para uma descentralização global das nossas operações».
Alexandre Ferreira sublinha ainda a importância da literacia tecnológica para o progresso colectivo: «Da mesma maneira que o tema da literacia financeira se tornou, ao longo dos tempos, uma necessidade global de todos os cidadãos, hoje, e cada vez mais, a literacia tecnológica torna-se cada vez mais premente, seja no contexto empresarial ou pessoal». Nesse sentido, reconhece o papel dos meios especializados: «Temos sentido a existência e o trabalho desse acelerador da integração da inovação nas empresas, tendo o nosso País estado muitas vezes na linha da frente na introdução de novas tecnologias em diversos sectores de actividade».