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Data Mesh: revolução na descentralização dos dados 

A implementação do Data Mesh, uma abordagem inovadora para arquitectura de dados, tem ganho espaço nas empresas de diversos sectores, prometendo transformar a maneira como lidam com a organização e o processamento de dados. Especialistas e líderes do sector apontam para uma rápida evolução na adopção dessa nova abordagem e os seus impactos no cenário corporativo.

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De acordo com a especialista em arquitectura de dados e autora do livro ‘Data Mesh: A New Approach to Data Architecture’, Jane Smith, a implementação do Data Mesh tem evoluído rapidamente devido ao crescente interesse e investimento em tecnologias de big data e machine learning. O livro defende que a capacidade do Data Mesh de tratar dados como produtos e fornecer infra-estrutura como plataforma é particularmente atraente para empresas que procuram manter-se competitivas na era digital.

Empresas orientadas a dados
A McKinsey não tem qualquer dúvida de que, num futuro muito próximo, as empresas serão claramente orientadas aos dados, em inglês, ‘data-driven’. No relatório Data-Driven Enterprise of 2025, a consultora admite que os dados serão incorporados em cada decisão, interacção e processo, assim como processados ​​e entregues em tempo real. Nesta visão, que na verdade é apenas a três anos de distância – o documento foi lançado em Janeiro de 2022 – as empresas terão armazenamentos flexíveis que fornecerão dados integrados e prontos para consumo, com o papel do CDO (chief data officer) a ser ampliado para gerar valor. O relatório fala em ecossistemas de dados e no facto de as tarefas de gestão de dados relacionadas com privacidade, segurança e resiliência serem priorizadas e automatizadas: «Até 2025, quase todos os colaboradores irão aproveitar os dados de forma natural e regular para apoiar o seu trabalho. Em vez de optarem por resolver problemas com o desenvolvimento de roadmaps longos – às vezes plurianuais -, terão o poder de perguntar como técnicas de dados inovadoras podem resolver desafios em horas, dias ou semanas», lê-se no documento. O relatório Data-Driven Enterprise conclui ainda que as organizações «vão ser capazes de tomar melhores decisões, bem como automatizar actividades básicas do dia-a-dia e decisões que ocorrem regularmente». Para a consultora, os colaboradores estarão, ainda, «mais disponíveis para se concentrarem em domínios mais ‘humanos’, como inovação, colaboração e comunicação», dado que a cultura «orientada por dados promove a melhoria contínua do desempenho para criar experiências verdadeiramente diferenciadas para clientes e funcionários e permite o crescimento de novas e sofisticadas aplicações que não estão amplamente disponíveis hoje».

Adopção em trajectória ascendente
Entretanto, a adopção do Data Mesh também enfrenta desafios. No livro onde ‘Data Mesh in Practice’, Max Schultze e Arif Wider abordam precisamente os desafios elaborados por Miguel Andrade, entre os quais o facto de as empresas precisarem superar obstáculos relacionados à mudança cultural, integração com sistemas legados e investimento em infra-estrutura e ferramentas. Além disso, a governança descentralizada e a definição de padrões e interfaces padronizadas são aspectos cruciais que precisam ser abordados para garantir o sucesso da implementação do Data Mesh.

Apesar dos desafios, a evolução da adopção do Data Mesh nas empresas parece estar numa trajectória ascendente. «Com a sua abordagem inovadora e promissora, o Data Mesh tem o potencial de transformar a forma como as empresas lidam com a arquitectura e a organização de dados, permitindo uma melhor escalabilidade, eficiência e colaboração entre equipas e domínios», ressalva Miguel Andrade.