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IA quântica: a revolução da inteligência artificial

A ‘computação quântica’ tem-se assumido como uma expressão da moda na indústria da tecnologia há anos, mas as suas potenciais aplicações vão muito além da solução de problemas matemáticos complexos. Em tempos de ChatGPT e Bard, surge a IA quântica, com os especialistas a acreditar que estamos perante uma grande mudança no campo da inteligência artificial.

Depois, a IA quântica ainda está a dar os primeiros passos, sendo por isso reconhecida a falta de profissionais experientes na área. A isto, junta-se o facto de os algoritmos de IA quântica ainda estarem a ser desenvolvidos e refinados, havendo necessidade de fazer mais pesquisa nesta área.

Ou seja, a IA quântica está prestes a ser a próxima fronteira no campo da inteligência artificial, oferecendo uma forma mais poderosa e eficiente de resolver problemas complexos. Com o seu potencial para revolucionar uma ampla gama de indústrias e aplicações, o futuro da IA quântica é empolgante e as possibilidades parecem infinitas. No entanto, é importante que os especialistas admitam que o desenvolvimento da IA quântica tem de ser, de alguma forma, cauteloso, garantindo que a sua utilização seja feita de maneira responsável e ética. À medida que o campo da IA quântica continua a crescer, será importante que governos, empresas e pesquisadores trabalhem juntos para garantir que essa tecnologia seja usada para o benefício de todos.

Uma ameaça?
Será, então, a IA quântica uma ameaça, devido ao seu imenso poder e potencial para quebrar a criptografia, bem como à capacidade de processar grandes quantidades de dados com rapidez e precisão? Gonçalo Caseiro, consultor e especialista em inovação/transformação digital, admite que termos como ‘criptografia’ e ‘algoritmos’ parecem saídos de «filmes de agentes secretos», embora assuma que, na verdade, as pessoas usam criptografia, PKI, certificados digitais e toda uma panóplia de tecnologias relacionadas no dia-a-dia, sem se aperceberem: «Sem a criptografia, não existiam coisas tão simples e práticas como pagar a conta da água e da luz pela Internet, entregar o IRS online, entre muitas outras operações que facilitam o nosso dia-dia. No fundo, a Internet não seria transaccional por não ser segura». Segundo este especialista, já se torna, até, difícil imaginar todo o impacto que haveria, caso os algoritmos RSA – cuja sigla segue as iniciais dos seus criadores, em 1977 – fossem agora inseguros: «Mudaria tudo na forma como nos relacionamos, num mundo cada vez mais digital».

Em teoria, Gonçalo Caseiro explica que a computação quântica permitiria realmente tornar os algoritmos “quebráveis”. «O algoritmo de Shor pode ser capaz de reduzir o espaço de pesquisa e o tempo de computação quântica para quebrar esse tipo de algoritmos. Ainda não estamos a viver essa realidade, mas as organizações precisam de se preparar».

Investir em IA
O tema da cibersegurança, de forma mais ampla, tem assumido uma importância cada vez maior dentro das empresas e dos governos à escala mundial, que estão a canalizar grande parte dos investimentos na área tecnológica para sistemas de segurança: «Vivemos num mundo cada vez mais digital, onde a evolução da tecnologia é muito acelerada. Temos, por isso, que nos preparar para que seja usada em nosso benefício e com o mínimo de risco possível, especialmente nesta nova realidade que se avizinha», avisa Gonçalo Caseiro. Neste contexto, a IA parece ser, efectivamente, capaz de alterar o “jogo” empresarial antes de sofrer os impactos do advento da computação quântica: «A tecnologia da OpenAI e do WuDao são notáveis enquanto modelos de linguagem. O WuDao consegue escrever poesia e compreender imagens. É fascinante, ainda que frágil nesta fase. Mais importante pelo impacto que causa é, por exemplo, o lançamento do Codex, que transforma linguagem natural em código e “poupa” horas de trabalho de programação».