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Os desafios, os riscos e a facilidade de ‘comprar agora e pagar depois’

O conceito BNPL, do inglês ‘buy now, pay later’, traz uma ideia simples: adiar o pagamento das compras. Em que consiste esta fórmula, que vantagens oferece e que implementação está a ter em Portugal? E, sobretudo, quais são os riscos?

snowing/Freepik

O modelo de pagamento que mais cresce
Os benefícios estão à vista. De acordo com um estudo do RBC Capital Markets, citado pela easypay, com o BNPL  os comerciantes podem aumentar a taxa de conversão de 20 a 30%, e a venda média (o montante que cada cliente gasta por compra) entre 30 e 50%. A tendência é de crescimento: até 2026, espera-se que os pagamentos BNPL representem quase um quarto de todas as transacções globais de comércio electrónico, em comparação com apenas 9% em 2021. Nos Estados Unidos, prevê-se que o volume de negócios do BNPL ultrapasse os 380 mil milhões de dólares anualmente, até 2024, em comparação com 120 mil milhões de dólares em 2021.

A EY Portugal alinha com esta tendência: «O BNPL é o modelo de pagamentos online [Text Wrapping Break]que mais cresce em vários mercados, resultado da combinação entre uma digitalização progressiva dos serviços financeiros, um aumento do comércio online impulsionado pela pandemia e uma geração jovem cada vez mais activa». Aliás, para esta consultora, os bancos deixaram as fintechs assumirem a liderança no espaço BNPL e desafiar o seu domínio não será agora fácil: «Com esta nova forma de financiamento em crescendo de popularidade entre clientes e comerciantes, os bancos terão de considerar a sua própria posição neste mercado ou correm o risco de perderem receita e a ligação com os consumidores, principalmente millennials e geração Z».

Este modelo de pagamento ganhou escala pela primeira vez na Austrália e na Nova Zelândia, crescendo rapidamente em diferentes geografias. A EY avança que, no Reino Unido, por exemplo, o mercado chegou aos cinco milhões de utilizadores em pouco mais de doze meses; nos Estados Unidos, é esperado um crescimento anual superior a 20%, até 2028. «O sucesso é explicado pelo facto de os clientes apreciarem a possibilidade de poderem comprar imediatamente, adiando o pagamento em várias parcelas; os comerciantes são atraídos pelo BNPL pelo facto de ser uma ferramenta eficaz para reduzir o abandono do carrinho de compras e aumentar as vendas», conclui a EY.

Bancos precisam de definir a sua posição
A consultora diz que, à medida que o BNPL vai ganhando dimensão, os bancos têm de decidir como se querem posicionar: «As instituições que fecharem os olhos a esta nova tendência, ou hesitarem durante demasiado tempo, podem perder uma fonte de receita interessante. Para os bancos que desejem avançar com soluções neste âmbito, existem várias estratégias que é possível adoptar». A mais óbvia, garante a EY Portugal, é o estabelecimento de parcerias, sendo que o BNPL é um «bom exemplo de como as sinergias entre o sector financeiro tradicional e as  fintechs podem permitir uma resposta rápida, com bons resultados ao nível da experiência do cliente». Outras soluções em cima da mesa, podem passar por os bancos «desenvolverem as suas próprias plataformas de BNPL» ou por fazerem «concorrência a esta nova tendência através de inovação no contexto dos cartões de crédito».