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Gestão de dados na cloud é o novo (eterno) desafio

Está tudo a caminhar para a cloud: não só as empresas, mas também os particulares, criando um ambiente propício à criação e proliferação de dados. Cada vez mais dados, praticamente impossíveis de quantificar. O problema está na sua gestão e segurança: falta literacia, investimento e pessoal qualificado para integrar as empresas e ajudar a lidar com todas estas questões.

starline/Freepik

Quando a  cloud se tornou acessível a todos, já se adivinhava um papel revolucionário e inovador, sobretudo no que às empresas dizia respeito. Hoje, os especialistas apontam a escalabilidade, a segurança, a fiabilidade, a agilidade e a resiliência como argumentos para não atrasar a migração para a cloud e garantir que os negócios ficam, efectivamente, preparados para desafios futuros.

Os números das consultoras comprovam esta tendência. De acordo com a IDC, os gastos em produtos de infra-estruturas de computação e armazenamento para implementações na cloud, incluindo ambientes de TI dedicados e partilhados, aumentaram 22,4% numa base anual, no segundo trimestre de 2022, para 22,6 mil milhões de dólares.

De acordo com o relatório Worldwide Quarterly Enterprise Infrastructure Tracker: Buyer and Cloud Deployment, os gastos em infra-estruturas de cloud terão, a longo prazo, uma taxa de crescimento anual composta de 12% durante o período 2021-2026, atingindo 134 mil milhões de dólares em 2026 e representando 67,9% dos gastos totais em infra-estruturas de computação e armazenamento. A infra-estrutura de cloud partilhada representará 71,9% da quantidade total de computação em nuvem, crescendo a 12,7%.

Como referência, o mercado de tecnologias de informação continuou a crescer, no último ano, apesar da quebra no PIB, tendo sido a primeira vez na história que se verificou uma correlação inversa entre as TI e a economia. Uma das explicações está, precisamente, na cloud, cujo peso crescente já vale mais de 50% do mercado.

Em Portugal, cloud já é mainstream
Por cá, a IDC aponta que o mercado das TIC deverá ultrapassar, pela primeira vez, os cinco mil milhões de euros este ano, o que representa um ligeiro crescimento homólogo de 3,9%. Os especialistas da consultora antevêem que a transformação digital representará metade (50%) de todo o investimento nacional em TIC até o final de 2025, com mais 50% do investimento em software a ser no modelo Software as a Service (SaaS), que hoje supera significativamente os esquemas de licenciamento de software tradicionais. Quanto à cloud, a consultora diz que, em Portugal, é «mainstream», ou seja, a tecnologia já é amplamente adoptada pelas empresas – o entanto, no País existe  ainda  um número  considerável  de organizações que prefere ter soluções alojadas internamente, nas próprias instalações. A razão, dizem os especialistas, prende-se essencialmente com factores como a  segurança dos dados, o tempo  em  que o fornecedor de serviços na  cloud consegue recuperar os dados em caso de desastre, a velocidade no acesso aos  mesmos, a migração de dados e as falhas na Internet. Há ainda uma questão que parece ser transversal a todas as áreas: a falta de pessoal qualificado para integrar as empresas e ajudar a lidar com todas estas questões.