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Gestão de dados na cloud é o novo (eterno) desafio

Está tudo a caminhar para a cloud: não só as empresas, mas também os particulares, criando um ambiente propício à criação e proliferação de dados. Cada vez mais dados, praticamente impossíveis de quantificar. O problema está na sua gestão e segurança: falta literacia, investimento e pessoal qualificado para integrar as empresas e ajudar a lidar com todas estas questões.

starline/Freepik

Neste evento, o responsável esclareceu que, enquanto as organizações não conseguirem quantificar os dados que têm, não vão saber aquilo que é mais importante: se estão a evoluir, a crescer nesta tal matéria-prima, ao ritmo que era esperado. «Na IDC, acreditamos que o volume de dados está a evoluir 23% ao ano e que é esta a métrica que as empresas devem usar para saber se estão a crescer. O problema principal é não saberem o ponto de partida e, sequer, se arrancaram».

Para lidar com a explosão de dados «são precisas máquinas», como revela um estudo da IDC, que mostra que 75% das organizações vão ter uma colaboração homem-máquina e que os «humanos não devem ter medo de dizer que não conseguem lidar com tanta complexidade». Além disso, Bruno Horta Soares salientou ainda que ter IA deve ser uma questão de previsão: «Não queremos máquinas para nos dizer melhor o que é que aconteceu no passado, nem sequer para ter insights do que está a acontecer no presente; o queremos é máquinas para saber o que vai acontecer no futuro».

A literacia será fundamental
Para que as empresas vinguem nesta situação e se tornem «mais data-driven», tem de existir uma «meritocracia dos dados», ou seja, o «acesso aos dados a quem efectivamente os utiliza e premiar quem toma decisões com base em dados», adiantou o responsável. Bruno Horta Soares disse ainda que o futuro da inteligência é «conseguir orquestrar a capacidade de sintetizar e aprender com os dados e escalar a forma como se comunica a informação», mas que é preciso também «formação contextualizada com casos de uso de literacia de dados e cultura de dados» para transformar as organizações.

Para chegar à literacia dos dados há que percorrer um caminho e definir prioridades, destacou Bruno Horta Soares: será assim que se vai perceber a relação entre os vários temas e só assim é possível vencer. O responsável terminou a dizer que dar formação em literacia dos dados é «combater a desinformação das pessoas», já que a «ciência diz que a incapacidade é não conseguir não aprender». O responsável deixou ainda um alerta para os líderes das empresas: «A cada momento que não estiverem num programa formal de literacia dos dados, os vossos colaboradores continuam a aprender, mas a aprender o que não querem que eles aprendam, outras visões/abordagens que não aquelas que a organização gostaria que eles aprendessem. Portanto, as pessoas estão sempre a aprender, quer queiramos, quer não – a única solução é sermos nós a dar formação, alinhados com o que queremos».

Os dados são como os diamantes: eternos
De acordo com uma análise da Seagate e da IDC, a mudança que o mundo está (rapidamente) a enfrentar – desde automóveis inteligentes, robots, assistentes pessoais inteligentes a dispositivos de automação residencial – leva os especialistas a projectarem que, em 2025, mais de 163 ZB de dados terão sido criados em todo o mundo, um número dez vezes maior que em 2016. «As oportunidades já parecem ilimitadas, assim como o grande volume de dados que criará uma grande variedade de dispositivos e serviços conectados. De redes eléctricas e de sistemas de água a hospitais, transportes públicos e rede viária, o crescimento de dados em tempo real é notável pelo seu volume e criticidade, pois os dados são um elemento vital para o bom funcionamento de todos os aspectos da vida quotidiana, para os consumidores, para os governos e para as empresas». A IDC estima que, em 2025, quase 20% dos dados globais serão críticos para a vida quotidiana, e quase 10% deles serão altamente críticos. Isto leva-nos à questão levantada no início: e a segurança?

À businessIT, António Correia, area sales manager da WatchGuard Portugal diz que, em Portugal, 62% das empresas deverão ter serviços de cloud até 2022, admitindo ser «evidente» que as organizações «já perceberam as vantagens da nuvem» – mais que um elemento de tecnologia, é uma «aceleradora de negócios e habilitadora de inovação».