A partilha de conhecimento foi uma das vantagens mencionadas pela Bloq.it, Portugal Ventures e VWDS. Rui Martins afirma que Portugal torna-se cada vez mais atractivo para o talento: «Há mais gente qualificada a escolher o nosso País, o que ajuda a reter o talento nacional». O responsável da Beta-i revela ainda outros benefícios: «A exposição do talento nacional a novas metodologias, a formas de trabalhar e a atracção de talento internacional»; Luís Teodoro indica que Portugal também «ganha notoriedade no mercado tecnológico» e que, desta forma, as empresas nacionais ganham «maior renome e credibilidade além-fronteiras».
Uma situação agridoce para o mercado nacional
O talento, ou melhor, a escassez dos recursos qualificados e a dificuldade acrescida na atracção e retenção dos profissionais, é, sem dúvida, a grande preocupação de todas as entidades entrevistadas. No entanto, quase todos são unânimes em indicar que a desvantagem pode ser transformada em oportunidade.
Segundo o head of Atos Local Delivery Center Portugal, «a falta de capital humano qualificado em número suficiente para fazer face a necessidade do sector traz novos desafios para as organizações que prestam serviços para o mercado doméstico», o que pode ser uma mais-valia, se se apostar na «contratação de recursos oriundos de outros países» e na «requalificação de profissionais de outros sectores».
João Rodrigues, CTO da The Loop Co., refere que as empresas portuguesas «têm de competir em termos salariais com multinacionais que têm, muitas vezes, outra capacidade financeira», mas sublinha que, a longo prazo, isso irá «contribuir para aumentar a notoriedade da engenharia portuguesa».
O CTO ds Noesis também fala do sentimento contraditório que a escassez de talento pode criar: «Um fenómeno de “inflacção” no mercado, provocando dificuldades adicionais às empresas nacionais, na sua capacidade de competir pelos melhores talentos e de os reter». No entanto, isto poderá «acelerar a formação de recursos, tornando os profissionais, em Portugal, cada vez mais reconhecidos» e até a reforçar a posição de Portugal no «mapa da inovação e do desenvolvimento tecnológico», o que «ajudará as empresas nacionais nos seus processos de internacionalização e de crescimento». Nuno Archer também é muito crítico de toda a situação; o fundador e CEO da Winsig considera que há um «agravar da competição pelo talento», mas reconhece que, do ponto de vista do País, «pode ser positivo», uma vez que leva a «mais exportações e mais valor acrescentado».