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Portugal é o novo hub tecnológico da Europa

Não há como contornar esta tendência. O País é a escolha preferencial da maioria das empresas para abrir os seus centros tecnológicos na Europa. As razões para o sucesso nacional são várias, mas será que esta “moda” é benéfica para Portugal e para as organizações e startups nacionais? A maioria das entidades ouvidas pela businessIT diz que ‘sim’, já que traz crescimento e competitividade. Mas há opiniões discordantes e uma grande preocupação em relação ao talento.

Salários mais elevados
Vasco Pedro, co-fundador e CEO da Unbabel, também tem sentimentos contraditórios, como os responsáveis ouvidos pela business IT: «Penso que, de certa forma, as vantagens e desvantagens se unem. No curto-prazo, iremos definitivamente sentir uma falta de talento, visto que há uma carência geral e não há recursos para todos. Por outro lado, isso irá colocar ainda mais pressão na competitividade de salários, que vão crescer dentro do seu segmento. Eu vi isto a acontecer em São Francisco. Porém, também acredito que isto não deixa de ser algo positivo para a economia portuguesa, pois permite-nos estabelecer uma média salarial superior à actual. No longo-prazo, prevemos que haja um aumento na quantidade de pessoas formadas no sector. O talento irá ser extremamente diversificado, algo benéfico para qualquer organização – particularmente associado ao tema das soft-skills».

A questão da discrepância de ordenados é também assinalada pela Beta-i e comprovada pelo estudo ‘Global Tech Talent Trends 2022 – Deep-dive into the Portuguese tech market’, o que demonstra que os profissionais nacionais podem vir a ser beneficiados, a longo prazo, com esta abordagem de Portugal ser o tech hub da Europa.

A importância do talento
Silvia Bechmann diz que «boas empresas atraem bom talento e vice-versa». No entanto, a CEO da Mercebes-Benz.io revela que a empresa sabe que o talento é um desafio: «É importante haver um equilíbrio entre a oferta e a procura de talento, ou seja, ajustarmos a procura de profissionais à disponibilidade dos mesmos no mercado de trabalho. A velocidade de crescimento nem sempre se coaduna com a velocidade de formação ou de surgimento de novos talentos no mercado». Quem também está atento à situação é Etienne Huret (Natixis):

«Acreditamos que a concorrência cria, mais que o resto, um grande sentido de responsabilidade. Motiva-nos a criar ainda melhores oportunidades de desenvolvimento para quem nos procura e permitirmos que as nossas equipas possam ter um impacto positivo na sociedade».

O CMO da Landing.Jobs acredita que o principal impacto de Portugal ser o tech hub da Europa é a «maior pressão sobre a já existente escassez de recursos humanos e sobre os salários praticados», mas, tal como os demais responsáveis, considera que os impactos negativos são na «realidade positivos», pois forçam as empresas e o Estado a saírem do status quo e a terem de se adaptar a esta nova realidade. Nada disto é fácil, mas obriga-nos a evoluir e a ser mais competitivos».