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Portugal é o novo hub tecnológico da Europa

Não há como contornar esta tendência. O País é a escolha preferencial da maioria das empresas para abrir os seus centros tecnológicos na Europa. As razões para o sucesso nacional são várias, mas será que esta “moda” é benéfica para Portugal e para as organizações e startups nacionais? A maioria das entidades ouvidas pela businessIT diz que ‘sim’, já que traz crescimento e competitividade. Mas há opiniões discordantes e uma grande preocupação em relação ao talento.

Já Pedro Moura deixa dicas para ultrapassar a situação: «O problema da escassez tem de ser resolvido em conjunto pelas empresas (requalificar a actual força de trabalho, contratar externamente, acompanhar subida de salários), pelo Estado (facilitar a contratação e realocação de profissionais estrangeiros, promover programas massivos de requalificação tecnológica) e pelas universidades (aumentar numerus clausus para tecnologia, apostar em cursos de requalificação / especialização tecnológica). Sem uma actuação concertada, inserida num panorama global, Portugal perderá competitividade».

Atrair profissionais de fora não é suficiente
Apesar do que diz o responsável da Landing.Jobs, as empresas portuguesas mostram-se reticentes e consideram que o facto de o País ter tantos centros tecnológicos não é suficiente para atrair o talento internacional necessário. Luís Teodoro esclarece que «as empresas nacionais continuam a ter de se reinventar e ir mais além, para se poderem destacar num ecossistema que, apesar de possuir maior notoriedade, também tem uma maior competitividade para players de menor dimensão». Já o responsável da Winsig diz que o facto de Portugal conseguir atrair talento internacional é «sempre benéfico», mas que, comparativamente, há «vantagens de que os locais não podem usufruir». Nuno Archer explica as razões para isto: «O regime fiscal para o residente não habitual em que as pessoas que não residiram em Portugal nos últimos cinco anos usufruem de uma taxa de IRS de 20%, durante dez anos e independentemente do valor que aufere. É escandaloso quando comparado com as taxas de IRS que as empresas nacionais pagam logo desde os salários mais baixos e quando os salários são um pouco mais elevados o escalão de IRS ascende facilmente aos 40%».

Requalificar é preciso
Uma das apostas para mitigar a falta de profissionais passa pela requalificação profissional.Nuno Loureiro, director-geral para a Europa do Sul na Le Wagon, sublinha isso mesmo: «A escassez de talento que se verifica na área não desaparecerá tão cedo. Este é um desafio que vai permanecer, ou até aumentar, se a educação e formação de pessoas não acompanhar esse crescimento, o que se irá traduzir numa grande dificuldade dessas empresas ou centros tecnológicos em conseguirem garantir talento local».

Nelson Pereira também refere que «não é suficiente de forma alguma» a atracção de talento vindo de fora de Portugal e diz o que deverá ser feito: «O Governo terá de decidir apostar de forma clara e vinculada nos organismos de ensino e na tendência para a abertura de mais vagas nas várias instituições de ensino, assim como em incentivos de reconversão de carreiras».

O CEO da BI4ALL também destaca que o caminho é a educação: «Temos de continuar a apostar na qualificação de jovens, no despertar do interesse pelas áreas tecnológicas desde cedo e também na aposta na formação contínua dos profissionais».