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Data trust: um longo caminho para a confiança dos dados

O conceito de ‘data trust’ promete relançar a economia global de dados, tornando-a responsável e focada na privacidade. Se, antes, o objectivo era tirar o máximo partido dos dados, agora os especialistas falam, sobretudo, na qualidade e na fiabilidade das informações recolhidas. Empresas como a Oracle, o SAS ou a IBM são unânimes em afirmar que há, ainda, um longo caminho a percorrer.

Pietro Jeng/Unsplash

No caso específico de Portugal, a especialista diz que as dificuldades se centram na implementação de soluções de escala que permitem um acesso fácil e intuitivo aos dados; isto significa ‘governo’, ‘harmonização’, ‘qualidade’, ‘completude’, ‘precisão’, ‘actualidade’, ‘transparência’ e ‘segurança’. Um outro aspecto mencionado por Cristina Lobo Matias é relativo à quantidade e variedade de informação: «Há que identificar que dados são úteis e por quanto tempo, qual a validade dos mesmos, que sistemas de expurgo devemos implementar».

No que respeita a temas mais complexos relacionados com a aplicação da analítica avançada e inteligência artificial, um dos grandes desafios passa por «definir casos de uso que sejam exequíveis e que são casos reais para aplicação destas ciências de dados e, onde elas se tornam um verdadeiro acelerador da modernização e resposta às rápidas mudanças que existem na nossa sociedade».

O outro repto avançado por Cristina Lobo Matias prende-se com uma definição de estratégia para abordar estes temas que, sendo complexos, exigem perfis especializados, que fazem trabalhos pontuais, mas que são cruciais para o sucesso das soluções. «As empresas precisam de definir qual o know-how que têm de ter in-house para o processamento e interpretação dos seus dados e qual é o que que obtêm através dos seus parceiros tecnológicos e que permitem dar saltos significativos nos processos de implementação».

Pandemia acelerou transformação
Se a pandemia teve um lado menos mau, Cristina Lobo Matias diz que foi o acelerar da transformação digital, a urgência da transição e agilidade, tirando o máximo partido dos dados e da automação. «Com esta urgência e com a maturidade que as empresas já tinham sobre estas temáticas dos dados, foi fácil para estas compreenderem que a transição tinha de ser acompanhada de soluções de gestão de dados e de governo a serem implementadas e operacionalizadas». Talvez este último seja, para a especialista, o aspecto mais desafiante, porque a operacionalização implica, muitas vezes, uma mudança de mentalidade e de organização dentro das próprias empresas.

Em conclusão, «sentimos nos últimos tempos que esta nova realidade tem ajudado a quebrar algumas barreiras e acelerou saltos tecnológicos e de modernização significativos até mesmo em sectores tipicamente mais “conservadores” no que toca à adopção de soluções assente em tecnologias emergentes, e que isso tem criado oportunidades às organizações para se tornarem mais ágeis e próximas dos seus clientes finais».