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Cloud escapa aos efeitos da pandemia?

A resposta a curto prazo é ‘sim’. A cloud, além de escapar aos efeitos da COVID-19, até pode ver um aumento das receitas. Mas, a longo prazo, a história pode ser diferente. E há quem defenda que nem este sector estará imune aos efeitos da pandemia global - ou à recessão que se seguirá.

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A Europa é quem mais sofre
Após a pandemia da COVID-19, as empresas e organizações na Europa estão a enfrentar uma pressão significativa sobre a receita e o fluxo de caixa, o que afecta negativamente os gastos corporativos de TI. No entanto, há um impacto positivo significativo no mercado de nuvem na região. Uma vez que a maioria dos funcionários trabalha remotamente, há um aumento na procura por redes de nuvem privada para melhorar a conectividade da Internet e a segurança de dados vitais. «Como muitos funcionários estão a migrar para o trabalho remoto, há um aumento repentino na procura por soluções de colaboração. Além disso, a procura por compras on-line e streaming de vídeo está a ganhar força devido a iniciativas de confinamento nas principais economias da Europa. Isso está a impulsionar os gastos em nuvem, já que os retalhistas estão a ampliar as suas plataformas de comércio electrónico e front-end para lidar com a crescente procura, por exemplo.

Já os gastos com software corporativo devem mostrar um crescimento mais fraco. O mercado de consultoria em TI e serviços profissionais sofrerá um impacto adverso devido às restrições de viagens e atrasos nos projectos. Essas tendências aumentariam a procura por serviços de nuvem pública, especialmente aplicações específicas do sector baseadas em SaaS, incluindo colaboração e outras ferramentas de produtividade e continuidade de negócios. A mudança social para plataformas online – VOD, plataforma de redes sociais e jogos na nuvem – induziria gastos em infraestrutura em nuvem e software de automação / gestão.

Portugal e a cloud pandémica
Não existem ainda propriamente dados que permitam analisar a realidade da adopção de serviços cloud em Portugal no período COVID-19. Segundo um estudo da IDC, cerca de 70% das empresas a actuar no País já utilizam serviços e tecnologia na nuvem, mas até que ponto houve uma maior contratação de serviços ainda é prematuro dizer. Num webinar desta consultora, o que ficou claro é que a pandemia encontrou as empresas em diferentes estados no seu percurso de transformação digital, acabando por acelerar este processo, como disse Manuel Domingues, director de infra-estrutura de IT do Novo Banco, um dos convidados do webinar. Outro exemplo foi dado pela Sumol Compal que tendo já um roadmap alinhavado para começar a sua transformação digital, viu-se forçada a acelerar o processo. Segundo Diogo Lopes, IT and Digital Transformation Director, a empresa optou por apostar na análise de dados e em soluções digitais, escolhendo a cloud como o caminho a seguir.

Carla Arend, Lead Analyst, IDC Cloud EMEA Research, diz que das muitas conversas que tem tido com decisores é unânime esta necessidade de acelerar a transformação digital das empresas e muitas das dúvidas que os executivos podiam ter em levar o negócio para a cloud deixaram de estar em cima da mesa, após a nova realidade. A especialista explicou que se, em plena crise COVID-19, o foco era a continuidade do negócio, o natural desaceleramento económico vai levar a que o foco se centre no Retorno do Investimento. Instalada a recessão, a resiliência do negócio será a maior preocupação.

Curiosamente, durante o webinar, foram colocadas algumas questões ao público, e apesar da amostra ser pequena, não mais do que cinquenta respostas, a generalidade dos participantes disse que não tiveram necessidade de contratar serviços adicionais de cloud computing em período de pandemia. Já à resposta se houve necessidade de reforçar a capacidade existente, metade dos respondentes respondeu positivamente.