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Cloud escapa aos efeitos da pandemia?

A resposta a curto prazo é ‘sim’. A cloud, além de escapar aos efeitos da COVID-19, até pode ver um aumento das receitas. Mas, a longo prazo, a história pode ser diferente. E há quem defenda que nem este sector estará imune aos efeitos da pandemia global - ou à recessão que se seguirá.

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Gerir desastres
O mercado da nuvem não é propriamente simples. Há os fornecedores de Infraestrutura como Serviço (IaaS), Plataforma como Serviço (PaaS) e Software como Serviço (SaaS). Olhando para o mercado de uma forma global, ou seja, abarcando estas três componentes, o valor deverá dos 233 mil milhões de dólares em 2019 para 295 mil milhões em 2021, a uma taxa composta anual de crescimento (CAGR) de 12,5%. «É que se ao longo dos anos as organizações aumentaram o nível de inovação, com o surto da COVID -19, a maioria das operações foi comprometida, o que forçou as empresas a funcionarem de maneira não optimizada, como resultado da procura de áreas inovadoras que possam melhorar a sua receita numa pequena percentagem», diz uma análise da Markets and Markets. O documento, que explora precisamente o impacto da COVID-19 no mercado da nuvem, reforça que o coronavírus levou a maioria das empresas de TI a adoptar o modelo de trabalho em casa. «As empresas de TI e ITES habilitaram a força de trabalho móvel, adoptando ferramentas e serviços de mobilidade corporativa. Assim, há uma procura crescente por serviços de comunicação e colaboração em nuvem em todo o mundo».

O estudo menciona que os fornecedores de ferramentas digitais de produtividade e colaboração, como Microsoft e Zoom, estão a testemunhar aumentos substanciais no uso na China, Itália e EUA em virtude do estado de pandemia. «Portanto, haverá um crescimento contínuo na procura por serviços de infraestrutura em nuvem e gastos em software, equipamento de comunicação e serviços de telecomunicações especializados. Esses gastos serão focados em funcionários e educadores que trabalham remotamente, pois as empresas incentivam os seus colaboradores a trabalhar em casa e as escolas estão a migrar para aulas on-line». Até aqui, o estudo não aborda propriamente nada que já não tivéssemos explorado.

Mas o estudo acrescenta que a cloud está a ajudar a lidar com situações de recuperação de desastres usando sistemas de TI em nuvem distribuídos. Devido à falta de pessoal de TI no local, sobretudo em período de confinamento, as empresas aproveitaram os recursos da nuvem para verificar, manter e monitorizar as suas instalações de servidores e armazenamento em data centers. «As empresas estão a usar a nuvem de maneira eficaz para criar sistemas resilientes e avessos a desastres em qualquer lugar do mundo para responder a uma força de trabalho remota e também proteger a integridade de dados e aplicações de negócios». Segundo a Markets and Markets, as empresas de TI estão a adoptar os serviços geridos de data center para aumentar a segurança, evitar o tempo de inactividade da rede e obter eficiência operacional. «Os principais players, como o DataBank, juntamente com a ajuda de equipas de serviço geridas, começaram a preparar um plano de resposta COVID-19 para avaliar a continuidade das operações. Portanto, a força de trabalho cada vez mais móvel, devido a confinamentos, e a crescente necessidade de recuperação e segurança de desastres, para evitar altos custos de tempo de inactividade da rede, alimentaram a procura por serviços geridos em nuvem globalmente».