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Cloud escapa aos efeitos da pandemia?

A resposta a curto prazo é ‘sim’. A cloud, além de escapar aos efeitos da COVID-19, até pode ver um aumento das receitas. Mas, a longo prazo, a história pode ser diferente. E há quem defenda que nem este sector estará imune aos efeitos da pandemia global - ou à recessão que se seguirá.

natanaelginting/Freepik

O anúncio de empregos ocorre depois da Alibaba se ter comprometido, em Abril, a gastar 200 mil milhões de yuans (24,7 mil milhões de euros) nos próximos três anos para construir mais data centers. A receita de nuvem da gigante de tecnologia cresceu para 40 mil milhões de yuans (5,03 mil milhões de euros) no ano fiscal de 2020, um aumento de 62% em relação ao ano anterior.

Se é um facto que o desemprego aumentou durante a pandemia, existem organizações a contratar em plena calamidade económica, à medida que a mudança de hábitos do consumidor compele as empresas de uma ampla variedade de indústrias a aumentar o seu stock de talentos. Retalho, farmacêuticas e empresas de tecnologia estão entre os maiores recrutadores. PayPal, Epic Games e Riot Games, as já mencionadas Amazon, Microsoft e Alphabet, proprietária da Google, têm milhares de lugares à disposição, assim como a empresa de software americana VMware que disponibiliza 1350 vagas em todo o mundo, muitas das quais em serviços de nuvem – uma prioridade de contratação para a empresa.

A procura por serviços em nuvem está a aumentar globalmente à medida que mais pessoas trabalham e assistem às aulas em casa durante a pandemia do coronavírus. Algumas universidades estão a preparar-se para apresentar palestras on-line até ao próximo ano e muitas estão a procurar fornecedores para gerir os seus backups de dados.

O Google Meet, o serviço de comunicação por vídeo da empresa, registou um aumento de trinta vezes no uso desde Janeiro, adicionando cerca de três milhões de novos utilizadores e atendendo três mil milhões de chamadas de vídeo diariamente. O Slack, uma plataforma de comunicação que usa a Amazon Web Services como seu fornecedor de nuvem preferido, adicionou doze mil clientes pagantes e noventa mil novas organizações nos três meses findos em 30 de Abril. As já muito badaladas Cisco e Zoom também registaram um aumento no uso das suas ferramentas de colaboração no trabalho.

Estarão as empresas de cloud imunes à crise?
O Wall Street Journal diz que não. Mesmo o sector mais quente da tecnologia não estará imune aos efeitos da pandemia global – ou à recessão que se seguirá. A verdadeira questão é: quando virá a dor? As companhias que vendem serviços de software baseados em nuvem para empresas têm estado em alta, à medida que mais clientes procuram actualizar-se.
A pandemia está a tornar esses esforços mais urgentes, com os trabalhadores a serem enviados para casa em massa e a exigirem ferramentas ou software de acesso remoto que são muito mais fáceis de serem entregues através da nuvem. Voltam aqui a surgir nomes como a Microsoft, a Zoom Video Communications ou a Slack Technologies que relatam um aumento no uso das suas ferramentas de software de negócios baseadas na nuvem, à medida que mais empresas procuram acomodar trabalhadores remotos. Mas isso não poupará totalmente o sector das repercussões da pandemia. O surto que se espalhou rapidamente interrompeu, efectivamente, as viagens de negócios em Março. Este facto, aliado à pressa de as empresas levarem os trabalhadores para casa, diminuiu os acordos de vendas a fechar no primeiro trimestre. A gigante alemã de software SAP alertou a 8 de Abril que «uma quantidade significativa de novos negócios foi adiada» no final do período.

Mas isso pode não afectar a receita de curto prazo para muitas companhias. As empresas cujo negócio depende maioritariamente de vender software como um serviço geralmente têm a receita contratada com antecedência. E como muitos fornecedores de software em nuvem têm exercícios fiscais que terminam em Janeiro, teoricamente eles têm tempo para corrigir a quebra nas assinaturas de acordos que estão neste momento a ter. Numa reunião de analistas a 1 de Abril, a Okta alertou para possíveis «ventos de curto prazo» como resultado de acordos que demoravam mais para fechar. Mas a empresa manteve a sua previsão de receita – projectando essencialmente que compensará qualquer perda de negócios até o final do ano fiscal, em Janeiro.

Os contratos existentes também podem não ser seguros. A indústria de software em nuvem ainda estava na sua infância inicial na última grande recessão que se seguiu à crise financeira de 2007, o que significa que a maioria das actuais grandes empresas de nuvem ​​não experimentou um ambiente em que uma faixa tão ampla do mundo corporativo precise cortar gastos. Karl Keirstead, do Deutsche Bank, escreveu recentemente que os executivos de nível C falam em planos para «reapreciar os seus contratos de tecnologia e/ou pressionar por termos de cobrança mais generosos». As 52 acções do índice BVP-Nasdaq Emerging Cloud tiveram em média um ganho de 15% este ano em comparação com a queda de 11% do S&P 500.