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Impressão: um negócio que soube reinventar-se

Com a transformação digital dos negócios e a desmaterialização de processos, o papel tem sido relegado para segundo plano e apenas é usado quando absolutamente necessário. Mas será que isto levou a uma quebra na área da impressão? As empresas do meio recusam esta ideia e garantem que, hoje, o sector se reinventou e é muito mais que a simples produção de documentos em papel.

Jannoon028 / Freepik

Embalagens, etiquetas e muito mais
A área de rotulação e etiquetagem tem sido alvo de apostas por parte da Brother e da Konica Minolta, esta última que no ano passado introduziu «uma nova tecnologia». Pedro Monteiro esclarece quem beneficiou desta novidade: «Está a ter um grande impacto em várias indústrias, como a alimentar, a de bebidas e a de cosmética, onde verificamos uma rápida evolução, resultado da preocupação estética e ao nível do design que as marcas têm, para diferenciarem os seus produtos». Os grandes formatos são também alvo de destaque na empresa e Portugal foi um dos primeiros países da Europa a instalar num cliente a AccurioJet KM-1, uma solução de alta produção de tinta a jacto e com o maior formato B2 do mercado.

João Fernandes Dias revela que o «segmento empresarial é uma das apostas continuas da Canon» e que a empresa tem uma quota «a nível mundial, de quase 50%» neste segmento. Por outro lado, a Epson diz que a «área de Commercial & Industrial Printing continua a ser uma boa fonte de receitas e uma área de constante inovação». A empresa dá «ênfase especial em certos sectores de actividade nos quais a impressão digital está a ganhar cada vez mais peso: o têxtil, a publicidade, a personalização e as etiquetas coloridas».

Há inovação na impressão?
Quando falamos em inovação, pensamos imediatamente em coisas novas, mas a inovação é também a melhoria de processos existentes. Segundo a IDC, este é mesmo o grosso da inovação que existe nas empresas em todo o mundo. Assim, na impressão há muita inovação e uma aposta na investigação e desenvolvimento a que nenhuma empresa é alheia. É fruto desta inovação que a indústria se tem transformado trazendo cada vez mais e diferenciadas ofertas ao sector e a possibilidade de impressão em diversos tipos de superfícies e não só o papel. João Fradinho salienta que a Brother tem a investigação e desenvolvimento «dentro de portas» e privilegia a relação qualidade-preço: «É fazermos muito bons produtos em que seja possível muitos clientes estarem interessados». Isto acontece porque a empresa gostar de «democratizar» a tecnologia, o que já aconteceu com o «formato A3 há cerca de 7/8 anos». Neste momento, as áreas mais fortes as de etiquetagem e da mobilidade refere o responsável da Brother: «Hoje temos diversos equipamentos que funcionam sem consumíveis, só usam papel, e em que é possível andar a imprimir durante um dia sem ligar à corrente. Temos esta solução na GNR, em Portugal, e em empresas de comboios, na Europa».

Falando de valores, a Epson e Konica Minolta já investiram 500 e 613 milhões de euros em R&D, respectivamente, para levar até aos clientes melhorias significativas na produtividade dos seus equipamentos. Pedro Monteiro salienta que a empresa tem «quatro laboratórios e cinco Business Innovation Centers que dedicam a sua actividade diariamente à I&D, com mais de 21 mil patentes registadas» e fala no investimento na área da realidade aumentada: «Desenvolvemos uma tecnologia que permite dar vida ao papel e criar experiências imersivas, potenciando a interacção, que tem tido muito impacto nas indústrias criativas, empresas de eventos e editoras».

A Canon também não é excepção. João Fernandes Dias explica que a empresa «está há dezenas de anos no top 5 do registo de patentes nos EUA» e destaca «grandes avanços nas áreas de digitalização; segurança; conexão/integração; personalização e ambiente».

Já a HP refere as diversas inovações que trouxe ao mercado desde o modelo de impressão como um serviço à mobilidade em «o produto é totalmente gerido através do smartphone» e o facto de ter sido o «primeiro fabricante no segmento de Office e Graphics a ter a segurança como prioridade nos seus produtos e soluções», esclarece João Pedro Santos. A impressão 3D foi também uma das inovações mencionadas pela HP que afirma «veio introduzir um novo paradigma no segmento industrial». De referir que decidimos deixar esse abrangente tema para outra edição da businessIT.

Sustentabilidade é uma preocupação
Com as alterações climáticas a dominarem as preocupações dos decisores das empresas no Global Risks Report 2019 (um estudo do Fórum Económico Mundial), não é de estranhar que esta seja também uma das áreas a que as empresas do sector dão bastante atenção. O responsável da HP destaca que «todos indicadores apontam para uma redução do consumo de papel à escala global» sendo que ainda se está «muito longe de um mundo paperless». Talvez por isso, João Pedro Santos acredite mais no conceito «less paper», que está intimamente ligado à sustentabilidade. É por isso que a empresa tem apostado «na qualidade de impressão, funcionalidades, custos e eficiência energética».

Óscar Visuña, head of business sales da Epson Ibérica, realça as melhorias que a empresa trouxe ao sector como a tecnologia business inkjet. Estes tanques de tinta «evitam o uso de plástico nos cartuchos» e os «depósitos de alta capacidade para encher os tanques têm a opção de os descartar sem a necessidade de um ponto verde». O responsável refere ainda a tecnologia de impressão sem aquecimento da Epson que «melhora os processos produtivos e coloca a empresa no caminho da sustentabilidade». Além disso, Óscar Visuña diz que a Epson é «a única empresa que propõe uma verdadeira economia circular nos processos de gestão de documentos. Desde a impressão sustentável à destruição e reciclagem seguras de documentos de escritório e o seu uso na produção de papel novo sem a necessidade de água».

De salientar ainda que todas as empresas têm vindo a coleccionar selos e prémios de sustentabilidade, não só por equipamentos mais amigos do ambiente, mas também por processos produtivos menos poluentes e redução da pegada de carbono nas fábricas e escritórios.