O desafio da segurança
Num momento em que (quase) todas as empresas tiveram de colocar os seus recursos, ou pelo menos grande parte deles, em teletrabalho, os vectores de risco de segurança aumentaram exponencialmente. Normalmente, as organizações preocupam-se em criar os seus circuitos e ambientes fechados de segurança em espaços físicos restritos, como seja os seus escritórios. Porém, com o teletrabalho, as organizações têm os seus colaboradores em ambientes, por vezes, desprovidos de qualquer tipo de barreira de segurança. Rui Duro, country manager da Check Point Portugal, admite que, mais do que nunca, o desafio das empresas está em prover soluções de segurança que criem um ambiente seguro até aos endpoints dos utilizadores, podendo estes ser o seu computador pessoal ou o telemóvel. «Desde sempre afirmamos que o foco na luta de cibersegurança começa na prevenção e, para tal, precisamos de adoptar políticas claras de segurança e soluções tecnológicas que consigam apoiar na monitorização e defesa da informação das organizações e dos seus utilizadores. A educação dos utilizadores é extremamente importante para que não sucedam casos de descuido com potenciais acções maliciosas».
Neste sentido a Check Point, por exemplo, lançou gratuitamente a sua solução ZoneAlarm Web Secure Free para segurar a navegação web dos utilizadores e evitar os mais comuns ciberataques a que os utilizadores estão expostos.
De resto, o trabalho e o ensino remotos cresceram e continuam a crescer exponencialmente com a situação que vivemos. Muitas pessoas que hoje trabalham em casa, fazem-no como parte de um esforço colectivo e como estratégia das suas empresas de acordo com as políticas de isolamento social, mantendo-se porém activas, preservando a saúde de todos e a produtividade possível. Por outro lado, Miguel Almeida, general manager da Cisco Portugal, relembra que as escolas tentam encontrar formas de adaptar os processos pedagógicos, enquanto procuram envolver alunos e pais em ferramentas que permitam o ensino à distância. «Face ao contexto actual, as empresas estão a procurar e a implementar plataformas digitais e aplicações de colaboração e de cibersegurança, que proporcionem estas interacções remotas de forma segura. Procuram soluções simples, com rápida integração e adopção por parte dos utilizadores». A empresa revelou que existe hoje uma maior solicitação de plataformas de colaboração, cibersegurança e datacenter.
Quanto à evolução desta procura por parte das empresas portuguesas, Miguel Almeida diz ser prematuro fazer previsões, até porque esta é uma situação temporária. «Acreditamos que, para além da necessidade de haver um esforço de sobrevivência, é necessário que as organizações preparem um plano de recuperação e mantenham uma postura de optimismo que as motive para esse momento».
Uma crise sem precedentes
A Cisco entende que o contexto actual poderá apresentar várias fases. Uma primeira fase de impacto, «que consideramos que está a finalizar, de seguida uma fase de encontrar o equilíbrio e adaptação, e uma fase de acção, que contempla uma transformação digital transversal ao Estado, às empresas e às pessoas». Miguel Almeida avança que desde 2018 que a empresa está a trabalhar activamente nesta transformação através do programa Country Digital Acceleration (CDA), que visa ajudar a acelerar a transformação digital dos países, formalizado pela assinatura em 2018 de um memorando de entendimento (MoU) entre o Governo de Portugal e a Cisco. «O programa CDA fomenta a criação de parcerias e o coinvestimento entre a Cisco, as comunidades locais, os governos e as empresas com o intuito de capturar as oportunidades apresentadas por uma economia digital, impactando positivamente o crescimento do PIB, a educação, a inovação e a competitividade, assim como a inclusão social e a qualidade de vida». A Cisco garante querer continuar a assumir um papel relevante na transformação digital das organizações e na sua procura por soluções que permitam a inovação, crescimento e competitividade. «Colocamos ao dispor conhecimento especializado e ferramentas para ajudar os nossos clientes a alcançar o sucesso em todas as etapas do seu percurso de desenvolvimento tecnológico».
Uma coisa parece certa: esta é uma crise sem precedentes, de impacto global e mais ou menos transversal a todas as áreas. Que envolve a política, a economia, a estrutura social e, mais do que tudo, a saúde. Mesmo os ‘testemunhos’ mais optimistas que lemos um pouco por toda a imprensa falam numa calamidade de efeitos duradouros, acelerando as tendências existentes. Sim, vai haver provavelmente uma maior adopção de novas tecnologias e vai ser necessário repensar as cadeias de abastecimento globais. Vai haver lugar para muitas agitações corporativas, aquisições e mudanças estratégicas.