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Data center: um rei sem trono

Densos e resilientes

Por parte da IBM, Isidro Carrasco Jativa, IBM Portugal GTS Leader, a previsão é a de consolidação em centros de dados maiores, mais densos e mais resilientes, um pouco ao encontro da opinião da Dell EMC. «Actualmente assistimos a uma transferência de cargas de trabalho para ambientes cloud e, por essa via, as empresas reduzem o número de equipamentos on-premises e entregam a gestão dos restantes equipamentos a fornecedores com data centers de maior dimensão e escala». O gestor diz que esta é uma tendência a nível mundial, mas a que também assistimos em Portugal. «As empresas querem focar-se no seu core business e tornar externa essa sala complexa e onerosa que têm dentro de sua casa, entregando essa função a operadores especializados e com níveis de resiliência superiores».

Uma característica dos centros de dados do futuro é a eficiência a nível energético, com PUE (Power Usage Effectiveness) próximos de um – ou seja, a energia para arrefecimento tendencialmente próxima de zero -, e daí a tendência da sua deslocalização para regiões frias. «Mas, fundamentalmente, terão níveis de automatização muito maiores, com Inteligência Artificial a comandar a gestão energética e inclusive a carga de processamento entre os vários equipamentos de TI».

Hoje em dia, Isidro Carrasco Jativa garante que já existe tecnologia para migrar servidores, workloads de processamento ou aplicações (tipicamente em ambientes cloud) de uma forma automatizada, em que a intervenção humana passa por decidir quando iniciar o processo. «No futuro, esse poder de decisão vai estar embebido dentro do próprio data center e com recurso a IA para a tomada de decisão».

Questionado sobre até que ponto o consumo de dados por parte das empresas veio alterar a dinâmica que existe nos Data Centers, Isidro Carrasco Jativa classifica que este é, sem dúvida, um movimento contínuo. «Se, por um lado, a área de TI tem assistido a movimentos de consolidação, com as velocidades e capacidade de processamento a crescer (muitas vezes ainda seguindo a lei de Moore), por outro lado, sabemos que a parte submersa do “iceberg” dos dados ainda não está sequer a ser tratada».

Ou seja, Isidro Carrasco Jativa lembra que o processamento dos dados não estruturados, a injecção de dados provenientes de toda a sensorização e a massificação da IoT – processo que ocorre já hoje e em todos os dias -, vai exigir dos data centers respostas mais elásticas, mais eficientes, mais automatizadas e mais resilientes: «Este patamar só se consegue introduzindo novas capacidades cognitivas nos data centers, com recurso a soluções de inteligência artificial, como as capacidades únicas que encontramos no IBM Watson».

A indústria de data center pode vir a precisar de inventar estratégias de distribuição de carga mais robustas para oferecer melhor gestão de dados para IoT.

A revolução da virtualização

Um aspecto introduzido em toda esta equação por Susana Soares, directora de marketing da Fujitsu, é o de que, ao longo dos anos, a tendência para a virtualização revolucionou os data centers, mas não alterou a arquitectura centrada no hardware que ainda serve de base à maioria dos actuais centros de dados. «Isto poderá alterar-se radicalmente à luz das mais recentes abordagens definidas por software», mencionou.

Com as TI a crescerem em importância enquanto activadoras do sucesso empresarial, o mercado parece esperar que os gestores de data center proporcionem um suporte mais ágil, flexível e eficiente ao negócio – com processos padronizados, abordagens self-service e elevada qualidade de serviço. Também se espera, sublinha Susana Soares, que disponibilizem uma fiabilidade de serviço 24 horas por dia, 7 dias por semana, para reduzir o tempo até os novos serviços se tornarem produtivos, e estarem a postos para inovações baseadas, por exemplo, em Inteligência Artificial, Big Data e tecnologias Cloud.

«Acreditamos que o Data Center do futuro será definido por software (SDDC), fortemente apoiado por soluções de gestão e automatização para automatização dos processos e uma eficaz gestão do nível de serviço e gestão da energia». A directora de marketing acredita que o modelo SDDC pode impulsionar a competitividade, manter os custos controlados e reduzir a necessidade de pessoal especializado numa altura em que os especialistas altamente qualificados são poucos e raros de encontrar. «Além disso, os mais valiosos recursos TI de uma empresa – os administradores altamente qualificados – poderão focar-se no seu negócio em vez de passarem tempo a instalar ou a operar infra-estruturas».

A era da hiperescala

Para a Netapp o futuro o data center não estará restringido apenas ao “nosso” centro de dados. Daniel Cruz, territory manager, assegura que cada vez mais empresas têm cargas de trabalho em serviços na cloud sejam eles em hiper-escalares como a AWS, MSFT Azure ou Google, ou mesmo em service providers locais. «A facilidade de movimento de cargas de trabalho, a interoperabilidade entre essas três nuvens (cloud privada, pública local e hiper-escalar) e a gestão do centro de dados são os principais desafios do datacenter de futuro».

O gestor defende ainda que a NetApp, com o seu conceito de ‘data fabric’, vem solucionar exactamente esse problema, «permitindo ao dia de hoje uma gestão dos dados global, independentemente de onde estão localizados, permitindo também aos seus clientes a possibilidade de escolha de onde querem ter os dados a cada momento».