Reportagem

Red Hat Forum Lisboa: open source é motor de inovação

A Red Hat organizou o seu evento anual no Museu do Oriente, onde reuniu clientes e parceiros para explicar a importância do open source e de que forma pode ajudar as organizações a inovar.

‘Expand Your Possibilities’ foi o tema desta conferência da Red Hat, a primeira desde que foi adquirida pela IBM. Edgar Ivo, territory country manager para Portugal explicou que o open source era uma tecnologia «alternativa às tradicionais», usada quando se queria «reduzir custos e apenas em sistemas menos críticos», mas que isso «mudou radicalmente nos últimos anos». Agora, o open source é «um motor de inovação que está presente em quase todo os projectos de transformação digital das organizações».

A importância das tecnologias de código aberto e a estratégia da tecnológica foram os temas abordados por Julia Bernal, country manager Spain & Portugal: a responsável quer que a Red Hat esteja no centro da transformação digital das organizações europeias. A gestora explicou que «a inovação está a transformar o mundo e tem um papel fundamental na digitalização» e que esta é uma «oportunidade massiva» já que em 2022, «50% do PIB da Europa será proveniente do digital».

Para a Red Hat, o desafio é «como incorporar a inovação nas organizações» e para isso Julia Bernal referiu que vai ter de existir uma «mudança na forma como se trabalha», nomeadamente através da «equipas multidisciplinares, inclusivas e colaborativas» mas também de «escalar a inovação de forma segura» e a tecnológica acredita que pode dar cartas nestas situações: «com colaboração num ecossistema que envolve as pessoas e com tecnologias e processos abertos», aquilo a que chama «inovação aberta».

Uma abordagem multicloud
As tecnologias de código aberto são «importantes porque a transformação digital requer entregas rápidas de soluções digitais». A country manager salientou que, em 2023, serão desenvolvidas «cem milhões de aplicações das quais 30% serão nativas na cloud e 90% serão baseadas em micro serviços e containers». O open source faz cada mais parte das empresas e um estudo da Red Hat revelou que 89% das empresas considera que essas tecnologias estratégicas na sua organização e usam-nas no desenvolvimento de aplicações na cloud e as três razões apontadas para esta escolha são que «permite mais inovação, melhora segurança e diminui o custo total de propriedade».

A Red Hat trabalha com open source há mais de 25 anos e a abordagem da empresa baseia-se nessa experiência. Assim, multicloud híbrida com o Linux no centro de tudo, desenvolvimento nativo na cloud e com gestão automatizada para simplificar os processos são os três elementos chave da oferta da tecnológica. Isto está alinhado com o mercado, já que a Gartner prevê que 2020, 75% das empresas terão um ambiente híbrido de cloud e multicloud.

Julia Bernal deu alguns exemplos de empresas que usam código aberto para inovar: BBVA, a Cepsa e o Novo Banco, que está a usar e as soluções da Red Hat para oferecer «novas experiências digitais aos clientes com uma infraestrutura ágil e segura», como explicou Manuel Domingues, head of IT infrastructure do banco português.

Soluções seguras e estáveis
Gianni Anguilletti, vice-presidente para a região mediterrânica da Red Hat explicou de que forma é que a empresa trabalha e porque é que se diferencia: «Os nossos funcionários colaboram com diversas entidades para desenvolver ou optimizar as tecnologias open source mas outra parte transforma essas tecnologias em produtos». Assim, determinam «quais são as tecnologias que estão maduras para ir para o mercado e transformam-nas para um nível de empresarial para que possam ser usadas em workloads críticas dos negócios», referiu.

O responsável disse que a longevidade e fiabilidade são as principais preocupações: «Fornecemos todo o software, apoio ao cliente mas comprometemo-nos a manter estas tecnologias funcionais por um grande período de tempo. Por exemplo, para o Red Hat Enterprise Linux (RHEL), isto pode chegar a treze anos. Esta estabilidade é importante e este é um dos motivos do nosso sucesso». A segurança é outro dos parâmetros que destacam durante o desenvolvimento, já que «é umas das principais preocupações das empresas e dos seus CIO».

Sobre as soluções mais procuradas, Edgar Ivo esclareceu que o «RHEL é a mais importante globalmente e em Portugal», mas o que nos processos de transformação digital há duas áreas em destaque: «A cloud híbrida em que disponibilizamos uma solução platform-as-a-service, o Openshift, e a automação. Consideramos que são as áreas que vão definir o futuro dos sistemas de TI. É nestes dois segmentos que a Red Hat espera crescer nos próximos anos».

Gianni Anguilletti acrescentou que as tecnologias core da Red Hat, na qual esta o sistema operativo RHEL, correspondem a cerca de 70% das receitas mas crescem a um ritmo de 15% ao ano, enquanto que «as outras soluções geram 30% das receitas mas crescem mais de 40% ao ano e são onde a inovação está a acontecer».

Mercado nacional a crescer
Sobre a comunidade open-source em Portugal, Edgar Ivo disse à businessIT que a adopção destas tecnologias foi mais lenta do que no resto dos países: «O que vimos acontecer no mercado espanhol e na Europa há três ou quatro anos está a agora a chegar ao País. A moda já chegou e vemos muito mais adopções de open source em quase todas as indústrias».

O mercado tem, por isso, «menos maturidade» já que não fomos «early adopters da tecnologia», mas a confiança das organizações portuguesas no open source «está a crescer muito e quase todos os projectos de transformação digital olham seriamente para a hipótese das tecnologias de código aberto ou estão já a usá-las».

Entre as os sectores de actividade que mais usam open source e as soluções da Red Hat, em Portugal, estão «as telecomunicações, os serviços financeiros, energia, retalho e os transportes». Quanto à administração pública, o responsável destacou que há já um «movimento nesse sentido, mas que é mais lento do que em outras indústrias. Ainda não vimos grandes processos de transformação digital com open source mas vão certamente acontecer».

O que mudou com a IBM
A IBM concluiu a aquisição da Red Hat este ano e Gianni Anguilletti explicou o que mudou com a entrada da gigante tecnológica: «Na verdade não sentimos nada diferente já que mantivemos a nossa marca, a nossa identidade e poder de decisão». Mas apesar disso, houve algumas alterações que o responsável define como «open source em escala» e explica porquê: «Podemos beneficiar dos conhecimentos e experiência da IBM em processos, mercados verticais e presença em novas geografias. A Red Hat está presente em cinquenta países e a IBM em 180, o que demostra a potencial que agora temos de expansão».

No entanto, o «foco da empresa será sempre o cliente e é ele que decide o que quer». Mas tal como é apanágio do mundo open source, Gianni Anguilletti salientou que a colaboração é essencial: «Queremos andar lado a lado com a IBM para dar as melhores soluções ao cliente».