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A economia do digital

Economia digital

Portugal pode beneficiar de um crescimento de 3,2 mil milhões de euros até 2020 se melhorar a sua economia digital, diz a Accenture. Mas afinal, o que é e o que move a economia digital?

‘Economia digital’. O termo terá sido usado pela primeira vez em 1991 pelo executivo Don Tapscott, autor do livro ‘The Digital Economy: Promise and Peril in the Age of Networked Intelligence’ e pode sucintamente ser resumida como «a economia baseada em tecnologias digitais». No início, a economia digital era muitas vezes denominada de ‘economia da Internet’, ‘nova economia’ ou ‘economia da Web’ precisamente devido à sua dependência da conectividade com a Internet.

No entanto, economistas e líderes empresariais são unânimes em afirmar que a economia digital é muito mais avançada e complexa do que qualquer economia da Internet, que simplesmente significava o valor económico que derivava do mundo virtual.

A economia digital vai muito além disso. E são vários os autores que a apontam como o movimento de transição da terceira para a quarta revolução industrial.

A terceira revolução industrial, muitas vezes chamada de revolução digital, refere-se às mudanças que ocorreram no final do século XX com a transição de equipamentos analógicos e dispositivos mecânicos para tecnologias digitais, enquanto a quarta revolução industrial baseia-se na verdadeira revolução digital, com as tecnologias a servirem de ponte entre o mundo físico e o cibernético.

Ou seja, o facto de algumas organizações e até particulares usarem tecnologias para simplesmente executar tarefas não significa que estejam a contribuir para a economia digital. Não é simplesmente usar um computador para executar tarefas tradicionalmente realizadas manualmente ou em dispositivos analógicos.

Ao invés, a economia digital destaca a oportunidade e a necessidade das organizações e particulares usarem as tecnologias para executar essas tarefas de forma mais eficiente, mais rápida e, muitas vezes, diferente do que antes, como explicou à BusinessIT Rui Serapicos, responsável pela CIONet em Portugal, uma comunidade europeia de executivos de TI.

Além disso, o termo reflecte a capacidade de aproveitar as tecnologias para executar tarefas e se envolver em actividades que simplesmente não eram possíveis no passado. Resumindo: a ideia de que as empresas podem fazer mais coisas, novas coisas, melhores coisas e de forma diferente é abrangida neste conceito que acaba relacionado com a transformação digital.

 

Muito além da digitalização

Mais: a economia digital ultrapassa conceitos como ‘digitalização’ ou ‘automação’. Em vez disso, esse novo paradigma aproveita múltiplas tecnologias avançadas e novas plataformas tecnológicas. Essas tecnologias e plataformas incluem, entre outras, a híper-conectividade, a Internet das Coisas (IOT), Big Data, analítica avançada, redes sem fio, dispositivos móveis e redes sociais. Tudo temas aos quais a BusinessIT tem vindo a dedicar os seus artigos de fundo.

Numerosos empresários aproveitaram as tecnologias que alimentam a economia digital para criar novas empresas e novos modelos de negócio que não poderiam ter existido em gerações passadas. Essas novas empresas incluem as plataformas de partilha de viagens Uber ou a plataforma de aluguer de casas Airbnb ou os serviços de conteúdo como a Netflix e o Spotify, que, basicamente, servem de exemplos supremos do novo sistema económico.

Em 2019, mais de 50% das 500 maiores empresas portuguesas terão uma equipa dedicada a transformação digital, seguindo as maiores empresas europeias que já estão a dar esse passo em 2017.

Mas nem só de novos modelos de negócios se faz a economia digital. Existem inúmeros exemplos de empresas tradicionais que se transformaram para ter sucesso neste novo mundo.

Os retalhistas são dos exemplos mais fáceis de entender. Primeiro, desenvolveram sites para permitir vendas on-line. Mas à medida que o mundo se move mais plenamente na economia digital, os retalhistas orientados para o futuro utilizam tecnologias para alcançar e atender os clientes através de uma variedade de canais.

Usam vendas on-line e aplicações móveis para identificar compradores, coleccionam e analisam os dados de navegação e vendas a cada cliente para entender melhor os seus interesses. E amiúde usam esses dados para alcançar os clientes através das redes sociais, permitindo um melhor atendimento e, finalmente, maiores vendas e maior fidelidade à marca.