Reportagem

SAP aposta no valor concreto da IA generativa

A transformação empresarial pela IA foi o foco do evento 'Towards the AI-Infused Future', onde a SAP destacou soluções como o Joule, demonstrando que a integração estratégica da inteligência artificial pode gerar impacto real e mensurável.

© businessIT

A evolução da IA está a transformar sectores e a redefinir paradigmas, mas enquanto nos Estados Unidos os investimentos privados na área atingiram expressivos 67,2 mil milhões de dólares em 2023, a Europa ainda enfrenta dificuldades para reduzir a disparidade que a separa dos líderes globais. Estes dados, apresentados no evento ‘Towards the AI-Infused Future’ da SAP, em Milão, destacam o profundo fosso, com a Europa a registar apenas 11 mil milhões de dólares no mesmo período.

Alessandro Piva, director do Observatório de Inteligência Artificial do Politecnico di Milano, disse aos jornalistas que, nos últimos três anos, as startups nos EUA atraíram mais de 13 mil milhões de dólares em investimentos, enquanto na Europa o valor foi de apenas 1,6 mil milhões. Já em termos de investimentos totais em IA, a diferença acumulada entre os EUA e a Europa, nos anos de 2013 a 2023, é de 278 mil milhões de dólares.

«O investimento privado global em IA cresceu substancialmente na última década. No entanto, a diferença do volume de investimento entre os Estados Unidos e outras regiões está a aumentar ao longo do tempo», comentou Alessandro Piva.

A IA matou a lei de Moore
É neste contexto que a SAP se propõe a trazer valor concreto ao negócio. Jesper Schleimann, director de Business AI da SAP EMEA, basicamente deu a ideia aos jornalistas de que a IA… matou a lei de Moore. «A adopção da IA está a acelerar rapidamente: o que há um ano demorava anos e tinha custos elevados, pode agora ser conseguido em minutos», salienta Schleimann. Pobre lei de Moore que sustentava a duplicação dos transístores dos chips a cada dezoito meses quando a IA está a ter um ritmo ainda mais rápido, com as capacidades a duplicarem a cada seis meses.

«Esta é uma mudança que está a criar um fosso crescente entre os líderes e as empresas que estão a ficar para trás na adopção da IA», disse Jesper Schleimann. O executivo acredita, por isso, que a adopção da IA nas empresas deve ir além de projectos isolados, tornando-se um elemento estratégico e integrado nos processos de negócio: «A SAP pretende facilitar este percurso com soluções como o Joule e uma plataforma que apoia a inovação e a transformação digital a nível global».

No início de Outubro, a tecnológica alemã anunciava novas funcionalidades que complementam e ampliam o Joule, incluindo agentes de IA colaborativos, dotados de competências específicas para executar tarefas interdisciplinares complexas. Entre as novidades foi apresentado o SAP Knowledge Graph, uma solução «preparada para ajudar os programadores a desbloquear todo o potencial dos dados SAP», ligando-os a um contexto empresarial abrangente, bem como novas ferramentas que garantem aos programadores «continuarem a impulsionar a inovação da IA empresarial». Agora, o Joule é «compatível com 80% das tarefas empresariais mais utilizadas pela SAP e integra o Joule mais profundamente no portefólio da empresa», explicou Jesper Schleimann.

Prysmian e o caso do Joule
Do conceito à prática, em Milão foi apresentado o caso da Prysmian, que não só migrou toda a infraestrutura de TI do grupo para a nuvem SAP (com a qual tem uma relação de trinta anos), mas também instalou, em Novembro, o co-piloto de IA generativa Joule. Catello Voccia, director de entregas de aplicações do grupo Prysmian, partilhou a experiência da empresa com a migração para o cloud da SAP e a adopção do copilot Joule. O responsável mostrou como 109 fábricas e 27 centros de investigação distribuídos por mais de cinquenta países, conseguiram, em apenas quatro meses, migrar toda a sua infra-estrutura de TI para a cloud através do programa RISE with SAP.

Este projecto é «um dos primeiros do género em Itália», afirmou Carla Masperi, destacando que a transição permitiu a «harmonização global dos sistemas e maior eficiência nos testes e análises». Além disso, a implementação do Joule possibilitou a identificação de 26 ‘use cases’ prioritários, entre os mais de cem cenários oferecidos pela plataforma de IA generativa da SAP. «A oportunidade de explorar novos casos de uso com elevado impacto no negócio e na operação é imensa», concluiu Catello Voccia.

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