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E agora, deixo gorjeta?

Está cada vez mais generalizado o uso de robots na restauração. No Temple D’Ouro, restaurante de inspiração oriental em Vila Nova de Gaia, já são os BellaBot, criados pela chinesa Pudu Robotics, que levam a comida à mesa.

Os olhos são meigos, a voz é suave e a forma como deslizam pela sala do Temple D’Ouro, restaurante oriental no Cais de Gaia, não deixa ninguém indiferente. A questão é que, apesar de todos estes atributos, estamos a falar de um robot. Ou melhor, de uma robot, já que a voz feminina ‘denuncia’ o género. O processo é simples: chegamos ao restaurante e, com um QR Code lido com o telemóvel, temos acesso ao menu. A partir daí, um empregado de mesa regista o nosso pedido que é transmitido à cozinha.

É então que entra em acção a robot: é “ela” que vem entregar os pedidos à mesa. Como? Sobretudo, de forma muito educada: «Olá, caros convidados da mesa». A robot tem uma série de prateleiras incorporadas (neste caso, quatro), onde os funcionários colocam os pratos que depois são distribuídos pelas mesas do restaurante.

BellaBot, o robot gato
Uma nova versão deste robot foi apresentada em 2020 no CES, em Las Vegas, a reputada feira anual que tem o intuito de anunciar ao mercado gadgets e aplicações no mundo da tecnologia. Nesse ano, o denominado gato robot – que na verdade se chama BellaBot e foi criado pela empresa chinesa Pudu Robotics – foi uma das grandes novidades.

Com sede em Shenzhen, capital tecnológica da China, a Pudu Robotics funciona como um centro empresarial nacional de alta tecnologia para I&D, design, produção e vendas de robôs de serviço comercial. A empresa ganhou uma maior reputação com os seus equipamentos de serviços de distribuição, como o Pudubot, o já mencionado Bellabot e o Holabot.

Para auxiliar na luta contra a pandemia, a empresa introduziu no mercado um robot para desinfecção, o Puductor, bastante usado em hotéis, restaurantes, aeroportos, instituições de saúde ou edifícios governamentais. Basicamente, o Puductor adopta a «tecnologia de desinfecção por vapor ultrasseco, que captura microorganismos nocivos presentes no ar para desinfectar e eliminar rapidamente bactérias e vírus, como o actual coronavírus, com uma taxa de esterilização de 99,99%», escreve a empresa.

Nascido na China, onde a falta de pessoas para trabalhar na restauração é notória, o objectivo destes robots acaba por ser, precisamente, colmatar a falta de mão-de-obra.

Reservar a massa cinzenta para outras tarefas
Esta realidade lembra o eterno dilema: irão as máquinas substituir os homens? Os grandes analistas a nível mundial dizem que sim – mas ‘sim’, no bom sentido, em que sejam máquinas desprovidas de massa cinzenta a executarem tarefas mecânicas – como levar um prato a uma mesa – deixando para o Ser Humano tarefas mais desafiantes, como acolher o cliente no restaurante, fazer uma visita de cortesia à mesa ou elaborar um menu.

No caso do Temple D’Ouro, até por ser novidade, é curiosa a atenção que a robot desperta nos clientes. «Adoro sushi mas acabei por escolher este restaurante porque me disseram que seria um robot a trazer a comida à mesa», confessou Ana Tavares, uma das clientes presentes no restaurante no dia em que a businessIT conheceu a BellaBot. Uma simpatia, esta robot. Deixámos gorjeta.