A conferência organizada pela startup portuguesa, que reúne profissionais e empresas de tecnologia, realizou-se em formato híbrido e foi a edição com «mais participantes de sempre». José Paiva (na foto), presidente e co-fundador da Landing.Jobs revelou as principais tendências do mercado de trabalho nas TIC. O responsável começou por explicar que o mercado em Portugal está «muito activo» devido à «grande falta de talento».
O responsável disse que, pelo menos, metade dos profissionais de TI portugueses vai mudar de emprego nos próximos três anos e que, segundo dados da União Europeia, nesse período o número de pessoas a trabalhar em tecnologia no País vai aumentar 33%: de 120 mil, em 2020, passará a 160 mil, em 2023.
Para Portugal crescer quarenta mil colaboradores será preciso, de acordo com José Paiva, ir buscar «vinte mil profissionais a mercados externos, em que metade deve vir da América Latina, em especial do Brasil». Outros «dez mil serão provenientes das universidades e politécnicos; cinco mil de academias de código e outros cinco mil serão profissionais de outras áreas que farão «programas de reconversão e requalificação», uma opção que será «cada vez mais importante» no mercado de trabalho.
O aumento da necessidade de tantos colaboradores na área da tecnologia está especialmente ligado «ao trabalho remoto feito a partir de Portugal para outros países e a digitalização da economia», que foi acelerada pela pandemia e que terá apoio de fundos europeus, nomeadamente o Plano de Recuperação e Resiliência. «Esta é uma oportunidade única», salientou o co-fundador da Landing.Jobs.
Trabalho remoto e nómada
Quanto ao trabalho remoto, José Paiva acredita que vão existir três zonas principais, de acordo com os fusos horários: uma mais ligada à América, outra à Europa e outra à Ásia, divisão essa que também pode influenciar os salários, consoante a distância a que estão os colaboradores.
Por outro lado, a falta de profissionais dará origem a um «aumento dos salários em 30% na área das TIC, em especial para perfis seniores já que estes estão em minoria».
Outras das tendências enumeradas por José Paiva, foram o «crescimento exponencial do low-code», os «esquemas de trabalho mais flexíveis, as semanas de trabalho mais curtas e o nomadismo digital».
Por fim, e relacionado com o trabalho remoto, José Paiva alertou para o aparecimento crescente de empresas que fazem os pagamentos e gerem os benefícios dos trabalhadores nos locais onde estão, designadas «employers of record». Isto serve para lidar com regulações, impostos e outras leis, já que a organização para a qual o colaborador trabalha pode ser de outro país – foi por isso que a Landing.Jobs lançou um serviço neste sentido. Pedro Moura, chief marketing officer da startup, esclareceu como funciona: «O que fazemos é garantir que o profissional de tecnologia recebe o seu salário (como empregado com contrato de trabalho ou como freelancer) no local onde reside (pago pela Landing.Jobs) e o empregador paga um serviço à Landing.Jobs».
Assim, a startup resolve «os temas de compliance», além de ainda «providenciar um conjunto de serviços ao talento como seguros de saúde internacionais, produtos de poupança para reforma, e até a possibilidade de pagamento de parte ou da totalidade do salário em criptomoedas. O grande objetivo deste produto é «promover e dar apoio à globalização do trabalho em TI».
Pedro Moura fez um balanço «muito positivo» da Future.Works Tech Conference e revelou que o feedback dos participantes «foi excelente». O responsável realçou que o evento é uma das «principais marcas diferenciadoras da Landing.Jobs» e explicou porquê: «Trabalhamos para a comunidade tech de forma holística, cobrindo carreiras, aprendizagem, networking e o futuro do trabalho».