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Inovação: muito além da tecnologia

Quando ouvimos a palavra "inovação", é normal que nos venham à cabeça imagens de robôs, carros autónomos e tecnologias de ponta. Mas a inovação não se resume apenas a avanços tecnológicos. É um conceito mais vasto, que abrange campos tão diversos quanto a arte, a ciência, a educação e a gestão.

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Outra barreira recorrente à inovação é a cultura organizacional. As empresas podem ter uma cultura que desestimula a procura por novas abordagens, onde ideias inovadoras são consideradas arriscadas ou perturbadoras. Isso pode fazer com que funcionários não apresentem as suas ideias ou que não se esforcem para introduzir inovações. Emerge como um consenso entre consultores e analistas que uma cultura de inovação precisa de ser “cultivada” em todos os sectores da empresa, desde a liderança até os funcionários de base.

Erro faz parte do processo
Conforme destaca a professora e pesquisadora em liderança e inovação, Francesca Gino, da Harvard Business School, é crucial que as empresas estabeleçam um ambiente de confiança, onde os colaboradores se sintam à vontade para propor ideias novas e perspectivas divergentes. No seu livro ‘Rebel Talent: Why it Pays to Break the Rules at Work and in Life’, Gino enfatiza a importância de permitir falhas e de aprender com os erros, como forma de fomentar a inovação. A McKinsey & Company defende que as empresas precisam de adoptar uma abordagem de aprendizagem contínua, acolhendo o erro como parte do processo e promovendo a capacidade de se adaptar e reinventar em resposta às necessidades em constante mutação. O objectivo final é o de criar um grupo de profissionais capacitados e hábeis na arte de “errar, aprender, repetir” e, assim ,impulsionar um desempenho de alto nível.

No debate ‘Os desafios da Inovação em Portugal’, que decorreu no Porto, a ex-presidente da ANI, Joana Mendonça, salientou que os «modelos educativos estão datados». A também professora associada de Gestão e Inovação do Instituto Superior Técnico critica, ainda, a penalização do erro e a parca capacidade de ousar fazer diferente, limitando a aprendizagem dos mais novos.

Resistência à mudança
Aqui, reside o grande desafio: a relutância em abraçar a mudança. Com frequência, as pessoas preferem manter o status quo ao invés de adoptar transformações e experimentar abordagens novas, o que é especialmente verdade em organizações com uma cultura já estabelecida. É por isso que os especialistas enfatizam que a liderança da empresa precisa ser capaz de comunicar de forma clara os benefícios da inovação e efectivamente ajudar a superar essa resistência à mudança. «Alcançar esse patamar requer a incorporação de uma mentalidade de crescimento, bem como de curiosidade e abertura para experimentação e aceitação do fracasso», afirma a McKinsey. O CEO da Microsoft, Satya Nadella, descreve isso como um teste de hipóteses. «Em vez de dizer: ‘Tenho uma ideia’, devemos dizer: ‘Tenho uma nova hipótese; vamos testá-la, verificar a sua validade e avaliar quão rapidamente podemos validá-la’. E se não for válida, seguimos em frente para a próxima». Esta abordagem, e o esforço correspondente da empresa em mudar a mentalidade colectiva de ‘saber tudo’ para ‘aprender tudo’, são características de uma organização que está em constante aprendizagem.