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Portugueses duvidam da inteligência artificial, mas acreditam nos benefícios em áreas como a saúde e a educação

Os portugueses não confiam inteiramente na IA e consideram-na pouco solidária e nada empática. No entanto, admitem que há casos de usos em que a inteligência artificial vai melhorar a vida dos cidadãos. Estas são algumas das conclusões de um estudo da Nova Information Management School (NOVA IMS) sobre o papel desta tecnologia, na sociedade.

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O ChatGPT trouxe o tema da inteligência artificial para o dia-a-dia e o Nova Marketing Analytics Lab da universidade Nova IMS decidiu avaliar a percepção dos portugueses em relação a esta tecnologia, que é cada vez mais mainstream. O estudo ‘A Moralidade da Inteligência Artificial em Portugal’, dirigido por Diego Costa Pinto e coordenado por Ana Rita da Cunha Gonçalves e Rafael Luis Wagner (todos professores nesta universidade), conclui que uma grande parte dos portugueses não encara a IA como justa, solidária e inocente.

O relatório, feito com base em entrevistas a 466 portugueses de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 18 e os 67 anos, mostra que 59,2% acha que a IA não consegue ser empática; 42,3% acredita que não é solidária; e 42,1% tem uma percepção negativa quanto à sua inocência. Além disso, mais de um terço dos inquiridos não considera a tecnologia segura (34,1%), leal (33,5%) e justa (31,8%).

Em contrapartida há bastantes portugueses que têm uma ideia positiva da inteligência artificial: 47,2% consideram-na legal; 42,7% vêem-na como segura; e 35,2%, como moral e justa. Diego Costa Pinto acrescenta que há ainda outros receios por parte dos entrevistados em relação à IA, nomeadamente em termos da «protecção dos dados, da privacidade e do seu papel no futuro mercado de trabalho».

A opinião dos portugueses em relação à IA ser respeitosa é semelhante a nível negativo e positivo – 29,6% cada. Contudo, 40,8% tem uma percepção neutra deste parâmetro.

Uma das conclusões apontadas pelo relatório é de que os homens com idades entre os 18 e os 30 anos acreditam que a IA irá afectar mais os relacionamentos interpessoais que os com idades entre 31 e 60, assim como as mulheres em qualquer faixa etária. As entrevistadas também não aceitam bem as recomendações da inteligência artificial no que diz respeito ao lazer, em especial relativas a restaurantes e destinos de férias.

Nem tudo é negativo
Os portugueses acreditam que a IA também vem beneficiar os cidadãos em diversos sectores de actividade, mas há áreas em que a utilização da tecnologia é mais aceite que em outras. Assim, a maioria vê o uso da inteligência artificial como positiva nos cuidados de saúde (82,6%), transportes (79,8%), serviços básicos de água e energia (77,7%), serviços financeiros (77,5%), educação (70,8%) e nos meios de comunicação (69,3%).

Segundo os docentes da Nova IMS, o recurso à IA não é tão bem visto em sectores como «cultura, desporto, direito, governo e administração pública». No entanto, apenas nestas últimas duas áreas, o valor de quem tem opinião neutra e positiva é superior a quem vê a utilização como positiva: 51,5% no caso do direito e 56% na cultura e desporto.