Entrevista

«SAP Build é uma carta de amor para os utilizadores»

A entrevista a John 'JG' Chirapurath, chief marketing e solutions officer da SAP.

SAP

‘Amor’ e ‘paixão’ não são propriamente palavras que se usem no mundo dos negócios. Mas John ‘JG’ Chirapurath, chief marketing e solutions officer da SAP, faz questão de reforçar o quão entusiasmado está com a evolução dos sistemas desta empresa alemã, nomeadamente com o novo SAP Build, que veio trazer mais poder aos utilizadores menos especializados.

Microsoft, HP, ProQuest, novamente Microsoft. Agora, há um ano e meio que está na SAP. Como tem sido esta transição?

Tem sido fantástica. Juntei-me à equipa da SAP em Agosto de 2021 e tem sido realmente gratificante, porque acho esta empresa brilhante na forma como lida com o dever de cuidar dos clientes. Esta é uma frase que uso muito. Apercebi-me de que levavam esta tarefa muito a sério, que não eram meras palavras expressas, que era uma intenção colocada em tudo o que faziam. Em tudo o que fazemos. Depois, outra coisa que achei muito interessante foi o facto de ser uma empresa muito colaborativa e colegial, no sentido de partilha de conhecimento. Veja quantas pessoas vieram apoiar o lançamento do SAP Build [a entrevista foi feita durante evento SAP TechEd Las Vegas]. Apenas posso agradecer, porque as pessoas e os clientes têm feito com que o meu trabalho esteja a ser muito recompensado.

O novo produto, o SAP Build, está inserido dentro da vossa plataforma tecnológica de negócio, a SAP BTP. Como é que o define? É um add-on?

A plataforma BTP tem muitas coisas a que eu chamo ‘comuns’, no sentido em que estão em todo o lado, em todas as soluções disponíveis. São igualmente comuns na forma como as suas propriedades são entregues em aplicações como S/4HANA ou SuccessFactors. Estes ‘comuns’ são-no ainda no timing de executar um programa, seja no Azure Cloud, na Google Cloud ou no Kubernetes. Há ainda uma gestão centralizada dos utilizadores, até porque ninguém quer um sistema que tenha várias formas de gerir o mesmo grupo de pessoas – mesmo a governança é igualmente centralizada. Ou seja, quando criamos uma aplicação ou uma base de dados, temos, por exemplo, os mesmos modelos de segurança. Quando um cliente adopta BTP, herda tudo isso. Paralelamente, adicionámos uma camada de dados e analítica, que permite a gestão dos dados que residem na aplicação, além de uma camada de integração, que possibilita, por exemplo, ligar um sistema SAP a um sistema não-SAP.

Mas há mais: há ferramentas profissionais para desenvolvimento de código, como o business Application Studio. O SAP Build é o próximo passo desta plataforma. Ou seja, toda aquela capacidade de gestão, de utilizadores e governança centralizada de que falei, está agora disponível não só para os profissionais mais técnicos, mas também para utilizadores de negócio que podem começar a usufruir desta plataforma, precisamente através do SAP Build.

Qual foi o maior desafio? Porque transformar algo de complexo em simples, tornando-o acessível aos utilizadores de negócio, deve ser desafiante…

O maior desafio deste lançamento foi a necessidade de analisar o que estava para trás. Temos muitos tipos de utilizadores, como de marketing e recursos humanos; nem todos procuram a mesma coisa, a mesma informação, os mesmos ‘insights’. Como podemos, então, apresentar algo ao cliente que seja útil e consistente para toda a organização? Uma das coisas que fizemos foi inquirir cerca de cinco mil clientes e, com isto, recolhemos 275 mil pontos de referência. Fizemos algo a que chamo ‘trabalho de amor’ [no original, ‘labour of love’]. Não é útil se o utilizador tiver um ecrã em branco sem saber muito bem o que fazer, há que motivá-lo a começar.

Quando um cliente se lembra da SAP, ainda pensa em sistemas para grandes empresas, pesados, (demasiado) robustos, com longos tempos de implementação ou já conseguiram desmistificar essa ideia? O SAP Build vem ajudar nesse sentido?

Creio que já conseguimos e posso dar-lhe alguns exemplos. A TeamLiquid, organização profissional de jogos electrónicos, é um deles. A sua estratégia de jogo e analítica está toda assente em SAP BTP. A Royal Greenland, um consórcio de pesca, tem o seu modelo de negócio de pesca sustentável, apoiada em comunidades locais – trabalham com dois ou três mil pescadores – na plataforma da SAP. O consórcio tem, agora, uma aplicação que os pescadores descarregam para o seu telemóvel e através da qual catalogam a sua captura, registam-na e ficam com o seu trabalho facilitado. Em cinquenta anos, as grandes marcas e as grandes empresas usaram as nossas soluções e continuam a escolhê-las, mas também estamos em projectos mais pequenos como estes da TeamLiquid ou Royal Greenland.

Acha que este novo lançamento vai ser particularmente importante para conquistar novos clientes ou reter os actuais?

Acredito que vai ser relevante para ambos. A base instalada vai, agora, conseguir fazer coisas que sempre quis fazer, mas que nunca conseguiu. Já os novos clientes vão encontrar outras formas de fazer as coisas. Vai ser mesmo importante para as duas vertentes.

Pessoalmente, o que mais o atrai no SAP Build?

Sou uma pessoa, por natureza, apaixonada. Perguntar a uma pessoa apaixonada qual é a sua maior paixão, é muito perigoso. Por isso, vou responder-lhe com o que acho que é mais profundo neste lançamento. E volto ao trabalho de amor. A SAP Build não é só um trabalho de amor, mas uma carta de amor aos utilizadores de negócio. Porque o que realmente lhes estamos a dar é o poder e as capacidades que nunca tiveram, seja para criarem uma simples extensão, automatizarem algo ou montarem um site de negócio: agora, podem fazê-lo de uma forma fácil, rápida, simples e intuitiva. Não têm de ligar a ninguém, não precisam de apoio técnico. Por isso, digo que é uma carta de amor.

Dar mais poder aos utilizadores não especializados, como os de negócio, não dá origem a preocupações com a área da segurança, tendo em conta que, genericamente, a maioria dos incidentes são devido a falha humana?

Por isso é tão importante o que eu disse antes: ter uma governança e sistemas de segurança centralizados. Os utilizadores de negócios só vão usar, digamos, o ecrã. A gestão dos utilizadores é feita pela equipa de TI.

A Europa e os EUA são radicalmente diferentes na forma como fazem negócio e como gerem a sua informação, até por questões legais. Que feedback está a ter estas geografias?

Há uma clara procura em ambas, até porque a maioria das empresas, mesmo tendo a sua sede nos Estados Unidos, opera de uma forma global. Com as que estão centradas na Europa, acontece a mesma coisa. O desafio, no que diz respeito a conformidades, governança e acesso por parte dos utilizadores, é consistente, independentemente do local de actuação.

Hoje em dia, é o mercado que dita as necessidades de negócio ou são as empresas que criam essas necessidades para os clientes?

São os clientes que ditam as necessidade de negócio. No caso do SAP Build, repare que não é propriamente novo: o que fizemos foi identificar as necessidades dos clientes, reunimos uma série de funções e acções, tornámo-las fáceis e fizemos a sua integração.

Porque é que eu, como cliente, devo escolher a SAP e não um concorrente?

Ao trabalhar com a SAP há a garantia de que os sistemas mais complexos podem ser simplificados, como o caso da SAP Build. Por outro lado, estamos a investir em formação, inclusivamente gratuita, para garantir certificação a quem assim o desejar. O nosso objectivo é escalar dois mil programadores até 2025. Queremos aumentar o ecossistema que nos rodeia para que as pessoas possam, mais que tudo, ser produtivas. Por último, queremos que todas as integrações que fazemos tenham um real impacto e valor dentro da organização.