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Cartões SIM virtuais ganham visibilidade no mercado

As consultoras Juniper e Mordor Intelligence acreditam num futuro animador para a adopção dos eSIM, à medida que os fabricantes de telemóveis começam a lançar modelos que apenas permitem a utilização destes cartões virtuais.

Getty Images

Em Outubro de 2013, a Global System for Mobile Communications Association – GSMA, anunciava o desenvolvimento de um novo tipo de cartão: o eSIM, uma alternativa digital que passou a ser «padrão da indústria». Basicamente, o eSIM permite activar um plano móvel de uma operadora sem ter de utilizar um cartão físico, desde que o equipamento – telemóvel, tablet, laptop ou smartwatch – esteja preparado para isso. Tecnicamente, o eSIM é um chip integrado no hardware, ou seja, dentro do próprio aparelho, não havendo por isso a necessidade de o inserir ou remover.

Desta forma, qual é a grande utilidade deste recurso? Desde logo, poder ter, num mesmo equipamento, dois números distintos, sejam da mesma operadora ou de operadores diferentes. Assim, é possível ter, por exemplo, o número pessoal e profissional num mesmo telemóvel, sem que haja dois cartões SIM físicos. Depois, em viagens, podemos evitar os sempre desagradáveis custos de roaming.

Valor de mercado aumentar
Segundo a Juniper Research, o valor do mercado global de eSIM aumentará de 4,7 mil milhões de dólares, em 2023 para os 16,3 mil milhões, em 2027. «Com um aumento impressionante de 249%, o mercado será impulsionado pela adopção do consumidor de equipamentos compatíveis com eSIM, como no recente lançamento da Apple do iPhone 14, apenas com eSIM em alguns mercados. Aliás, segundo esta consultora, a marca da maçã vai expandir os dispositivos que apenas utilizem estes cartões digitais para a Europa durante 2023, com a tecnologia eSIM a ser considerada a «chave» para minimizar o demorado estabelecimento de acordos de roaming no fragmentado mercado europeu de telecomunicações.

O relatório diz que o número total de smartphones que utilizam a conectividade eSIM aumentará de 986 milhões em 2023 para 3,5 mil milhões em 2027, com fabricantes como Google e Samsung a desenvolverem equipamentos Android apenas para eSIM, para competir com a Apple e manter seu posicionamento no mercado global.

Apesar das preocupações das operadoras em relação ao impacto dos eSIM nos modelos de negócios existentes, a Juniper acredita que o crescente apoio dos fabricantes de smartphones colocará pressão adicional sobre as operadoras: «Em resposta, os fornecedores de serviços deverão oferecer apoio à conectividade eSIM para, assim, evitar a perda de assinantes, à medida que aumenta a consciencialização sobre a tecnologia».

O número total de telefones com eSIM na China aumentará de 103 milhões em 2023 para 385 milhões em 2027, «desde que sejam implementados padrões específicos» deste país, que «permitam o uso do eSIM em smartphones».

Outro facto revelado nesta pesquisa da Juniper é que os regulamentos actuais impedem que os fabricantes de equipamentos sedeados na China vendam no seu mercado doméstico, limitando o investimento e a inovação: «Em resposta, os órgãos da indústria devem trabalhar em estreita colaboração com o governo chinês para desenvolver especificações que permitam o suporte ao eSIM e, ao mesmo tempo, responder aos requisitos de monitorização e rastreamento de equipamentos».

Bandejas de cartões físicos eliminadas
À medida que os fabricantes de smartphones se esforçam por desenvolver equipamentos mais pequenos, mais finos e mais leves – e com mais recursos – o ‘espaço’ adquire o estatuto de bem vital. Mesmo um Nano SIM (cerca de 12,30 mm de comprimento por 8,80 mm de largura), ocupa espaço adicional associado ao hardware e circuitos internos que precisam de ser acomodados. A Mordor Intelligence explica que, durante muitos anos, os fabricantes tiveram de projectar e ajustar o cartão SIM físico através de ‘bandejas’ ou outros slots internos, esperando-se, agora, que a necessidade de telefones mais duráveis, ​​e à prova de água, impulsionem a remoção da bandeja física do SIM, “animando” a adopção do eSIM em smartphones. «Espera-se que os recursos de armazenamento remoto dentro do padrão eSIM forneçam aos utilizadores uma experiência aprimorada do cliente para activar e gerir os telefones», prevê a Mordor Intelligence.

Esta consultora espera que a inclusão da tecnologia eSIM pela Samsung, na sua linha de dispositivos, tenha um impacto positivo na adopção destes cartões em smartphones, que antes era restrito a marcas como a Apple.

A Mordor Intelligence avança ainda que o mercado de SIM incorporado deverá registar um CAGR de 15,47% no período de previsão de 2021 a 2026: «Estima-se que os dispositivos IoT se tornem a maior categoria de conectividade nos próximos anos, ultrapassando os telemóveis. Os wearables são uma categoria que beneficia significativamente de um eSIM, porque a acomodação de um SIM físico no dispositivo resultará no uso de espaço-extra, podendo comprometer o tamanho da bateria». Outro exemplo dado pela consultora são os fabricantes de automóveis, que com o uso de um eSIM «permitem que o utilizador conecte rapidamente o carro ao telemóvel».

Um teste com eSIM nos EUA
A businessIT experimentou usar um eSIM numa viagem recente, em reportagem, aos Estados Unidos. Uma vez que a estada iria ultrapassar os doze dias, decidimos adquirir um destes cartões, no nosso caso que nos permitisse acesso ilimitado apenas a dados. Após uma breve pesquisa e a leitura de algumas reviews, optámos pelo serviço da Holafly. No site desta operadora, escolhemos o pacote para quinze dias, pagámos 47 euros por PayPal e, de imediato, recebemos um email com um código QR que nos ajudou a fazer a “instalação” do eSIM, um processo que não terá demorado mais que um minuto. Depois de chegarmos ao destino, usámos as definições do smartphone para escolher que apenas os dados fossem utilizados a partir do eSIM (restringindo o outro, para que não houvesse dúvidas…): tudo funcionou na perfeição.